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Pediatria8 julho 2025

Avanços em biomarcadores prognósticos para atresia de vias biliares

Revisão abordou biomarcadores prognósticos em atresia de vias biliares, incluindo dados clínicos, laboratoriais, moleculares, histológicos, de imagem e modelos computacionais
Por Jôbert Neves

A atresia de via biliar (AVB) é uma doença hepática progressiva da infância que, sem tratamento, leva à falência hepática. A cirurgia de Kasai (HPE) é o tratamento inicial, mas os desfechos variam amplamente. Diversos são os desafios para o manejo da AVB, mas dentre eles se destaca o atraso no diagnóstico e a progressão rápida da doença.  

A identificação de biomarcadores prognósticos confiáveis é essencial para prever a evolução da doença e orientar decisões clínicas precoces. Para isso, uma revisão integrativa da literatura sobre biomarcadores prognósticos em AVB, incluindo dados clínicos, laboratoriais, moleculares, histológicos, de imagem e modelos computacionais foi realizada.  Com destaque para os seguintes resultados:  

Saiba mais: Infecções maternas e vínculo com o desenvolvimento de atresia biliar na prole

Parâmetros clínicos e laboratoriais: 

  • Idade precoce na HPE (<45 dias) e bilirrubina <2 mg/dL aos 3 meses pós-HPE são preditores de melhor prognóstico. 
  • GGT e índice de razão AST/Plaquetas (APRI) têm valor prognóstico, mas com limitações que precisam ser consideradas. 

Biomarcadores séricos emergentes: 

  • Ácidos biliares, citocinas inflamatórias (IL-8, IL-18, IL-34) e proteínas de fibrose (MMP-7, COMP, CLU, FGF19, M2BPGi) mostram forte correlação com progressão da doença. 

Histologia e expressão gênica: 

  • Fibrose avançada e proliferação biliar intensa indicam pior prognóstico. 
  • Assinaturas gênicas multivariadas distinguem subtipos inflamatórios e fibróticos com implicações clínicas. 

Imagem e modelos computacionais: 

  • Elastografia hepática fornece medidas objetivas de rigidez hepática associadas à sobrevida. 
  • Modelos integrativos (ex: BALF score, modelos com dados clínicos + genômicos + imagem) apresentam alta acurácia preditiva. 

Organoides derivados de pacientes: 

  • Organoides com expressão colangiocítica predominante correlacionam-se com melhor sobrevida hepática nativa. 

Conclusão  

A incorporação de biomarcadores prognósticos no manejo da atresia biliar representa um avanço significativo rumo à medicina personalizada, sendo essa uma grande tendência para os próximos anos. Evidências atuais indicam que parâmetros laboratoriais como bilirrubina, GGT, APRI e ácidos biliares, aliados a marcadores séricos emergentes como MMP-7, IL-8 e FGF19, podem oferecer informações valiosas sobre a progressão da doença.  

Veja também: Estratégias de triagem populacional para atresia de vias biliares no recém-nascido

Técnicas de imagem, especialmente a elastografia hepática, permitem avaliação não invasiva da fibrose e ajudam a prever a necessidade de transplante. Na prática, a adoção gradual desses biomarcadores e ferramentas preditivas pode melhorar a tomada de decisão clínica, permitindo intervenções mais precoces, acompanhamento mais direcionado e melhor seleção de pacientes para transplante hepático ou terapias emergentes. No entanto, para que esses avanços se tornem rotina clínica, são necessários estudos multicêntricos com validação externa e padronização de protocolos. 

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