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Pediatria6 março 2024

Atlas Mundial da Obesidade aborda a doença na população pediátrica do Brasil

O Atlas da Obesidade Mundial 2024 é uma compilação abrangente de dados e análises que abordam a epidemia global de obesidade.
O “Atlas Mundial da Obesidade 2024” (World Obesity Atlas 2024) consiste na mais recente publicação da World Obesity Federation e seus objetivos incluem fornecer estimativas globais, regionais e nacionais da contribuição da obesidade para as principais doenças não transmissíveis (DNT) em adultos e previsões globais, regionais e nacionais sobre os efeitos da obesidade no maior risco de DNT em crianças. É composto por 186 scorecards nacionais para obesidade infantil e adulta e suas consequências.   Veja também: Sequelas neurológicas após quadro de meningite bacteriana na infância

Em que consiste o Atlas Mundial da Obesidade 2024? 

O Atlas da Obesidade Mundial 2024 é uma compilação abrangente de dados e análises que abordam a epidemia global de obesidade e suas consequências para a saúde pública. Esse documento apresenta uma visão detalhada e atualizada da prevalência da obesidade em todo o mundo, assim como suas tendências ao longo do tempo. Além disso, explora as causas subjacentes e os impactos socioeconômicos da obesidade, destacando sua relação com as DNT, como diabetes, doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer.   Através do fornecimento de estimativas quantitativas de casos de obesidade em diferentes faixas etárias e regiões geográficas, a obra destaca a magnitude do problema da doença globalmente e examina as implicações econômicas e ambientais da obesidade, destacando a conexão entre o aumento do índice de massa corporal (IMC) e questões como emissões de gases de efeito estufa, urbanização, resíduos de plástico e padrões de consumo. Por fim, oferece recomendações e estratégias para lidar com a obesidade, enfatizando a importância da prevenção, da promoção de estilos de vida saudáveis e da gestão eficaz da obesidade em nível global.   Ao destacar a urgência do problema e os riscos associados à obesidade, o Atlas da Obesidade Mundial 2024 busca inspirar ações coordenadas e significativas para combater essa crise de saúde pública em escala global.  

Um problema de saúde pública mundial 

Projeções atuais indicam que até 2035, mais de 750 milhões de crianças (com idades entre 5 e 19 anos) estarão vivendo com excesso de peso e obesidade, medidos pelo IMC. Isso equivale a 2 em cada 5 crianças globalmente, e a maioria delas estará em países de rendimento médio. Devido ao IMC elevado, essas 750 milhões de crianças estão em maior risco de desenvolver os primeiros sinais de DNT já na infância. Estima-se que, em 2035, 68 milhões de crianças terão pressão arterial elevada, 27 milhões viverão com hiperglicemia e 76 milhões terão colesterol HDL baixo devido ao IMC elevado. Embora esses sintomas de doenças graves sejam, em grande parte, invisíveis, as crianças estão entrando na idade adulta com uma predisposição para sofrer de AVE, diabetes e doenças cardíacas.  Apesar dos esforços louváveis para abordar essa questão, sem uma ação significativa e coordenada, as taxas de obesidade continuarão a aumentar e mais pessoas morrerão prematuramente devido à obesidade ou a uma das doenças associadas a ela. Além disso, as DNT associadas à obesidade, antes observadas apenas em adultos, estão se tornando cada vez mais comuns entre as crianças  O Atlas também destaca a correlação entre IMC elevado e desenvolvimento econômico. Países com economias em expansão registram aumentos rápidos na prevalência do excesso de peso, embora partindo de níveis baixos. Esses dados demonstram como o IMC elevado está ligado à crescente crise ambiental, com emissões de gases do efeito estufa, urbanização, resíduos de plástico, falta de atividade física e consumo de produtos de origem animal desempenhando um papel na criação de ambientes pouco saudáveis que contribuem para a obesidade.   A redução da prevalência da obesidade e a melhoria de sua gestão trarão benefícios substanciais para os serviços de saúde e aumentarão a probabilidade de cumprir as metas globais para combater as DNT em adultos. Isso poderá garantir uma melhor saúde para as gerações futuras.  

O Brasil no Atlas Mundial da Obesidade 2024 

Os dados específicos do Brasil no Atlas Mundial da Obesidade 2024 refletem a situação atual e as tendências da obesidade no país. Em suma: 
  • Taxa de crescimento anual de 1,9% no número projetado de adultos com IMC elevado entre 2020–2035; 
  • Taxa de crescimento anual de 1,8% no número projetado de crianças com IMC elevado entre 2020–2035; 
  • Anos-pessoa perdidos (DALYs) para DNT devido ao IMC elevado em 2019: 
    • Todas as doenças não transmissíveis: 5.799.277; 
    • Diabetes mellitus: 1.565.659; 
    • Doença cardíaca coronariana (isquêmica): 1.202.620;
    • AVE: 1.111.290; 
    • Neoplasias: 380.859. 
  • Óbitos por DNT devido ao IMC elevado em 2019: 
    • Todas as doenças não transmissíveis: 177.929; 
    • Diabetes mellitus: 33.811; 
    • Doença cardíaca coronariana (isquêmica):45.210; 
    • AVE: 35.125; 
    • Neoplasias: 15.565. 
  • Uma porcentagem alarmante de 34% (15.583.308) das crianças brasileiras com idades entre 5 e 19 anos apresentavam excesso de peso ou obesidade em 2020. Infelizmente, esse número vai subir para 50% em 2035, o que representará mais de 20 milhões de crianças (20.390.263). 

Correlatos ambientais da obesidade no Brasil 

Emissões de GEE equivalentes a CO2 em 2015 (toneladas per capita por ano) 

2,2 

Aumento anual nas emissões de GEE 2000–2015 (%) 

1,9 

Proporção da população que vive em áreas urbanas 2020 (%) 

87,1 

Aumento anual na urbanização 1995–2020 (%) 

0,46 

Resíduos plásticos (último ano) (kg per capita) 

51,2 

Proporção de adultos que praticaram atividade física insuficiente em 2016 (%) 

47 

Proporção de jovens (11-19 anos) que praticaram atividade física insuficiente em 2016 (%) 

83,6 

Consumo de proteínas animais 2021 (gramas per capita por dia) 

64,3 

Consumo de açúcar e adoçantes 2021 (kg per capita por ano) 

36,9 

Legenda: GEE – gases de efeito estufa.  Saiba mais: Estudo avalia características de mortes infantis repentinas e inesperadas
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Referências bibliográficas

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