A triagem em recém-nascidos (RN) por meio da oximetria de pulso é crucial na identificação de crianças com CCC, juntamente com outras modalidades de rastreio, como ultrassonografia pré-natal, exame físico e testes genéticos em casos de alto risco. Em 2011, a triagem de cardiopatia congênita crítica (CCC) endossada pela Academia Americana de Pediatria (AAP) foi adicionada ao US Recommended Uniform Screening Panel, tendo sido adotada por todos os Estados e territórios americanos até 2018. O objetivo era justamente auxiliar na detecção de condições cardíacas que geralmente se apresentam com hipoxemia e requerem intervenção no primeiro ano de vida. Treze anos depois, em dezembro de 2024, a AAP publicou um relatório clínico fornecendo importantes recomendações atualizadas sobre esta triagem, resumidas a seguir.
Veja também: Genética das cardiopatias congênitas: o que se sabe até agora
Novo algoritmo
- Limite de saturação de oxigênio ≥95% em medições pré e pós-ductais.
- A justificativa da AAP é que esse limite provoca menos confusão e má interpretação dos resultados, além de aumenta potencialmente a sensibilidade sem impacto clinicamente significativo nas taxas de reteste.
- Apenas 1 novo teste após um resultado indeterminado.
- Para a AAP, essa redução traz um menor tempo para reconhecimento de uma CCC e aumenta potencialmente a sensibilidade sem impacto clinicamente significativo nas taxas de reteste.
Condição clínica
- O RN não deve receber oxigênio suplementar.
- As diretrizes anteriores já tinham deixado claro que a triagem de CCC deve ser aplicada a RN nascidos a termo assintomáticos. Entretanto, é necessário esclarecer que o bebê deve estar em ar ambiente, isto é, os bebês não devem ter suporte respiratório ou qualquer suporte respiratório deve ter uma FiO2 de 21% para a realização do teste do coraçãozinho.
- A AAP explica que esta exigência evita a triagem de falsos negativos.
Coleta de dados
- Utilização do conjunto mínimo de dados recomendado.
- A AAP ressalta que os programas estaduais de saúde pública devem adotar um conjunto de dados uniforme comum para supervisão do teste do coraçãozinho, de preferência por meio de compartilhamento eletrônico de dados. Os dados podem ser úteis tanto para garantir a qualidade na implementação quanto para informar pesquisas futuras para melhorar a sensibilidade e a especificidade da triagem de CCC, por meio de monitoração e avaliação do impacto do rastreio.
- Ligação dos programas de rastreio neonatal com programas de monitorização de defeitos congênitos e registros vitais.
- Esta medida pode permitir que os Estados e territórios americanos detectem resultados falsos negativos na triagem e identifiquem oportunidades para melhorar o processo.
Educação
- Todas as partes devem ser informadas de que uma CCC não deve ser descartada com base somente no resultado do teste do coraçãozinho.
- A CCC pode estar presente mesmo que o bebê tenha passado no teste do coraçãozinho.
- No caso de um bebê que não passa no teste do coraçãozinho, mas na qual a CCC não está presente, os profissionais devem continuar a avaliar outras razões para hipoxemia, especialmente se ela persistir.
- Esta recomendação tem o objetivo de identificar condições hipoxêmicas que não sejam CCC.
- As equipes devem reforçar os esforços para utilizar a tecnologia da informação em saúde e otimização dos registros eletrônicos.
- O objetivo é de se implementar uma triagem mais simplificada de CCC com melhoria na conformidade.
Algoritmo recomendado pela AAP para triagem neonatal de cardiopatia congênita crítica usando oximetria de pulso (teste do coraçãozinho)
Ao nascimento: Se o paciente não recebeu oxigenoterapia e tem ≥ 24 horas de vida, ele deve ser submetido ao teste do coraçãozinho (mão direita e um pé).
- Se a saturação for < 90% na mão direita ou no pé, o teste do coraçãozinho não deve ser repetido. O bebê deve ser submetido a uma avaliação clínica para CCC.
- Se a saturação for ≥ 95% na mão direita e no pé e a diferença de saturação entre ambos for ≤ 3%, o bebê passou no teste do coraçãozinho.
- Se isso não ocorrer, o bebê deve ser submetido a um novo teste do coraçãozinho em 1 hora. Se a saturação for ≥ 95% na mão direita e no pé e a diferença de saturação entre ambos for ≤ 3%, o bebê passou no teste do coraçãozinho. Se isso não ocorrer, ele não deve ser submetido a um novo teste, mas deve ser submetido a uma avaliação clínica para CCC.
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