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Pediatria1 outubro 2024

AAP 2024: Manejo da ansiedade em crianças com TEA 

Palestra no encontro anual da Academia Americana de Pediatria tratou sobre ansiedade em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA)
Por Jôbert Neves

A ansiedade é uma condição de alta prevalência entre crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), com estimativas indicando que entre 40% e 66% deste grupo pode experimentar algum tipo de ansiedade. Isso revela que mais de 40% das crianças com TEA enfrentam desafios relacionados a essa questão. Além da ansiedade geral, são comuns fobias específicas, ansiedade social e transtorno de ansiedade generalizada. No entanto, a detecção efetiva desses transtornos pode ser um grande desafio, uma vez que as ferramentas de triagem padrão nem sempre são adequadas para identificar a ansiedade em crianças com TEA, considerando seus medos atípicos e os desafios de comunicação que apresentam. Os principais tópicos sobre este tema foram apresentados pela Dra. Carol Weitzman, do Hospital Infantil de Boston, durante a sessão que aconteceu no encontro anual da Academia Americana de Pediatria (AAP 2024), trazendo pontos chaves para os pediatras. 

Ouça também: Highlights – AAP 2024 [podcast]

AAP 2024: Manejo da ansiedade em crianças com TEA 

Imagem de freepik

Veja quais são os fatores que contribuem para a maior prevalência de ansiedade em crianças com TEA:  

  • Sensibilidade sensorial: Crianças com TEA frequentemente apresentam sensibilidades sensoriais aumentadas, que podem desencadear ansiedade em situações de sobrecarga sensorial, como barulhos altos, luzes brilhantes e espaços lotados.
  • Desafios de comunicação social: Dificuldades na interação social e na comunicação podem levar à ansiedade em contextos sociais, contribuindo para o isolamento e solidão, o que, por sua vez, pode agravar a ansiedade. 
  • Compreensão limitada de sinais sociais: Crianças com TEA podem ter dificuldades para entender e interpretar sinais sociais sutis, o que torna desafiador navegar nas interações sociais e gera um aumento da ansiedade em situações onde se requer mais relações sociais. 
  • Dificuldade com transições e mudanças: Muitas crianças com TEA preferem rotinas e previsibilidade; mudanças repentinas ou transições podem provocar angústia e ansiedade. 
  • Presença de comorbidades: A ansiedade em crianças com TEA frequentemente coexiste com outras condições, como TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade), deficiência intelectual ou outras condições de saúde mental, o que aumenta ainda mais sua prevalência. 

Como manejar este paciente? Veja quais as atuais opções de tratamento para ansiedade em crianças com TEA: 

Os estudos sobre o uso de medicamentos para ansiedade em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) ainda são relativamente limitados, com a maioria dos estudos focando em crianças em desenvolvimento típico, o que exige uma consideração cuidadosa ao aplicar essas descobertas ao TEA. Além disso, crianças com TEA frequentemente apresentam uma ampla variedade de sintomas e respondem de maneiras diferentes aos medicamentos, o que significa que o que funciona para uma criança pode não funcionar para outra. É importante também considerar o potencial de efeitos colaterais dos medicamentos, que precisam ser cuidadosamente avaliados em relação aos benefícios potenciais, especialmente em crianças com TEA, que podem ser sensíveis a mudanças em suas rotinas e experiências.  

Os opções medicamentosas discutidas foram as seguintes:  

  • ISRS (Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina) 
    • Exemplos comuns: 
      • Sertralina 
      • Fluoxetina 
      • Citalopram 
      • Escitalopram 
    • Mecanismo: Aumentam os níveis de serotonina no cérebro, neurotransmissor associado ao humor e à ansiedade. 
    • Eficácia: Eficazes para ansiedade em crianças em desenvolvimento típico; menos evidências em TEA. 
    • Possíveis Efeitos Colaterais: Dores de cabeça, náuseas, sonolência, desconforto estomacal, insônia. 
  • Agonistas Alfa-2 (Clonidina e Guanfacina) 
    • Como Funcionam: Afetam o sistema nervoso para reduzir a ansiedade e melhorar o sono. 
    • Exemplos Comuns: 
      • Clonidina (liberação imediata e prolongada).
      • Guanfacina (liberação imediata e prolongada).
    • Possíveis Efeitos Colaterais: Sonolência, boca seca, pressão arterial baixa, tontura. 
  • Propranolol (Beta Bloqueador) 
    • Uso: Reduz sintomas físicos de ansiedade, como batimentos cardíacos rápidos ou mãos trêmulas. 
    • Possíveis Efeitos Colaterais: Lentificação da frequência cardíaca, fadiga, tontura. 
  • Outros Medicamentos 
    • Melatonina: Utilizada para tratar problemas de sono, contribuindo para a ansiedade. 
    • Trazodona: Usada para distúrbios do sono e, menos frequentemente, para ansiedade. 

Mensagem prática: 

  • A ansiedade é generalizada em TEA: É vital estar ciente da alta prevalência de ansiedade em crianças com TEA e estar pronto para abordá-la. 
  • Avaliação personalizada é crucial: Métodos de avaliação devem ser especificamente projetados para lidar com os desafios únicos de avaliar a ansiedade em TEA. 
  • Não há uma abordagem universal: Nenhum medicamento funciona para todas as crianças com TEA. 
  • A evidência está crescendo: Pesquisa em andamento para entender o uso de medicamentos para ansiedade no TEA, com novas descobertas constantes. 
  • A colaboração é fundamental: Tratamento bem-sucedido requer esforço colaborativo entre a criança, pais, especialistas e outros profissionais de saúde. 

Confira os destaques do AAP 2024!

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