Pediatria30 setembro 2024
AAP 2024: Bullying — qual o papel do Pediatra?
Trazemos aqui os aspectos-chave do bullying; prevalência, consequências e desafios com foco no papel do pediatra
Durante o encontro anual da Academia Americana de Pediatria (AAP), a sessão conduzida pelo Dr. Daniel J. Flannery, um especialista de renome na área, mergulhou em aspectos-chave do bullying, incluindo a sua prevalência, consequências e os desafios específicos impostos pelo cyberbullying na era digital, trazendo uma ênfase para o papel do pediatra diante deste cenário.
Compreendendo o problema, veja os dados relevantes discutidos:
- Prevalência: Têm-se percebido um grande número de crianças que sofrem as fortes consequências do bullying . Estudos apresentados indicaram que cerca de 20-30% dos alunos são vítimas de bullying no ambiente escolar, com taxas de cyberbullying ainda mais altas, afetando uma parcela significativa dos adolescentes.
- Consequências: O bullying pode ter consequências devastadoras a curto e longo prazo. As vítimas frequentemente enfrentam desafios de saúde mental, como depressão, ansiedade, ideação suicida e problemas de sono. Além disso, ele afeta negativamente o desempenho escolar, os relacionamentos sociais e pode até mesmo levar ao envolvimento em comportamentos delinquentes ou crimes.
- Grupos vulneráveis: Existe uma maior vulnerabilidade de certos grupos ao bullying, como jovens LGBTQ+, crianças com deficiência, minorias raciais e crianças obesas. Esses grupos são frequentemente alvo devido às suas diferenças, tornando-os mais suscetíveis ao bullying e aos seus efeitos negativos.
Ouça também: Highlights – AAP 2024 [podcast]
O Papel do Pediatra:
- Identificação: Os pediatras estão em uma posição única para identificar potenciais casos de bullying. A história clínica do pediatra deve contemplar perguntas de rastreio específicas durante os exames de rotina, especialmente para crianças do ensino fundamental e médio.
- O pediatra deve atuar ativamente no reconhecimento dos sinais de alerta, que incluem:
- Queixas somáticas recorrentes e não justificadas por uma doença de base (dores de cabeça, dores de estômago);
- Isolamento social;
- Absenteísmo escolar;
- Queda no desempenho escolar;
- Explosões comportamentais;
- Ideação suicida;
- Possuir objetos que não lhe pertencem (sinal de um possível comportamento de bullying).
- Queixas somáticas recorrentes e não justificadas por uma doença de base (dores de cabeça, dores de estômago);
- Coleta de Informações: Uma vez que o bullying é suspeito, a atuação do pediatra deve ser investigativa, para coletar informações abrangentes sobre os incidentes específicos, o estado emocional da criança e quaisquer fatores contribuintes. Isso inclui:
- O que aconteceu, quando, onde e com que frequência.
- Se os eventos se encaixam na definição de bullying.
- A resposta emocional, acadêmica e social da criança ao bullying.
- Possíveis fatores de risco (habilidades sociais precárias, comportamentos internalizantes, TDAH, autismo, identidade LGBTQ+, alergias alimentares, obesidade) e fatores de proteção (forte apoio dos pais, clima escolar positivo)
- Como podemos intervir?
- Apoio: ofereça empatia e tranquilidade à criança, enfatizando que o bullying não é culpa dela e que ajuda está disponível.
- Desenvolver Habilidades: dê às crianças habilidades para lidar com o bullying, incluindo estratégias como:
- Usar linguagem assertiva (“Pare”, “Isso já é demais”, “Não dá.”)
- Se afastar com confiança.
- Denunciar o bullying a um adulto de confiança.
- Envolvimento Escolar: Entre em contato com as autoridades escolares para lidar com o bullying, defender intervenções apropriadas e explorar configurações educacionais alternativas, se necessário.
- Encaminhamentos: Encaminhe as crianças para profissionais de saúde mental, assistentes sociais ou organizações comunitárias que são especializadas em lidar com o bullying e suas consequências.
Saiba mais: AAP 2024: Atualização em doença do refluxo gastroesofágico
Defesa do paciente e educação em saúde:
- Os pediatras devem ser incentivados a defender leis e políticas antibullying mais fortes, trabalhar com escolas e líderes comunitários para implementar programas de prevenção eficazes e promover conscientização sobre as consequências devastadoras do bullying.
- Os pediatras desempenham um papel crucial na educação de pais, professores e outros profissionais sobre as estratégias de prevenção e intervenção do bullying. Isso pode ser feito por meio de educação no consultório, oficinas comunitárias e participação em conferências e currículos de escolas de medicina.
Mensagem prática: bullying e o pediatra
- O bullying é um problema sério: Reconheça os sinais de alarme e potenciais danos a longo prazo.
- Você pode fazer a diferença: Adote uma abordagem proativa para identificar e combater o bullying em sua prática.
- Trabalhe em colaboração: Envolva escolas, pais e recursos comunitários para criar um ambiente de apoio para as crianças
- Ao adotar essas recomendações, podemos contribuir significativamente para a criação de um ambiente mais seguro e solidário para as crianças, protegendo-as dos efeitos devastadores do bullying.
Confira os destaques do AAP 2024!
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