Em 2022, os Estados Unidos ultrapassarão um marco sombrio: 1 milhão de mortes por overdose desde a virada do século. A sessão 1 Million Deaths and Counting: Pediatricians` Role in Solving the National Addiction Crisis, palestrada pelo Dr. Scott Hadland (Mass General Children) se baseou em dados recentes para destacar o papel dos pediatras no enfrentamento dessa crise nacional americana, prevenindo, examinando e tratando o vício e apoiando crianças, adolescentes e famílias afetadas.
Os números, de fato, são alarmantes. Dois em cada três indivíduos em tratamento com opioides relatam ter feito primeiro uso antes dos 25 anos de idade e um a cada três referem ter iniciado antes dos 18 anos. O fentanil tem sido responsável por aproximadamente 75% de todos os óbitos por overdose em adolescentes. No entanto, a maioria das mortes está relacionada ao uso de opioide associado a outra substância, como cocaína, benzodiazepínicos e metanfetaminas.
Dicas para reduzir a prescrição de opioides
- Maximizar a abordagem não farmacológica para controle da dor;
- Utilizar anti-inflamatórios não esteroidais para poupar o uso de opioides;
- Incluir triagem para o uso de substâncias assim como condições de saúde mental na anamnese;
- Sempre perguntar sobre histórico de adicção na família;
- Prescrever opioides de curta ação na mais baixa dose efetiva e pelo mínimo de tempo necessário possível (em torno de três dias);
- Evitar o uso concomitante de opioide e benzodiazepínico;
- Sempre conversar com as famílias sobre o risco de adicção e a necessidade de se manter os opioides em locais trancados (longe do alcance da criança ou adolescente), sempre fazer a contagem dos comprimidos e os próprios pais serem os responsáveis pela administração do medicamento.
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Triagem e encaminhamento
O Dr. Scott destacou que o pediatra precisa fazer essa triagem do uso de substâncias e encaminhar o paciente para um centro de referência ou um profissional especializado. Além disso, discussões sobre prevenção de adicção e redução de danos precisam ser incentivadas. Também deve se evitar o uso de palavras pejorativas para definir o paciente adicto e evitar estigmas.
A triagem do adolescente pode incluir a seguinte pergunta: “no ano passado, quantas vezes você usou: tabaco, álcool ou maconha?”. As respostas possíveis são: “nunca”, “uma ou duas vezes, “mensalmente” ou “uma vez por semana”.
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Uso de escala validada
O Dr. Scott aconselha o uso de uma escala validada para triagem, como a S2BI, CRAFFT e a BSTAD. A triagem não é continuada se o paciente responder “nunca” para os três itens. Porém, se a resposta for uma das outras três alternativas, o pediatra deve questionar sobre o uso de medicamentos prescritos, de drogas ilícitas, inalantes e uso de drogas sintéticas e ervas.
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