O tendão do quadríceps (QT) tem ganhado popularidade como opção de enxerto para a reconstrução do ligamento cruzado anterior (LCA) nos últimos anos, especialmente com o desenvolvimento de técnicas e instrumentais que possibilitam a abordagem minimamente invasiva.
A coleta do enxerto pode ser realizada usando dois tipos de técnicas, a 1ª envolve a retirada da parte central do tendão com espessura parcial ou total de 7 a 8 cm de comprimento.
A 2ª envolve a remoção combinada de enxerto de bloco de tecido mole e osso patelar proximal com uma parte do tendão de 7 a 8 cm de comprimento, juntamente com um bloco ósseo de 20 mm da área de inserção do tendão do quadríceps. Ainda não está claro qual dessas opções apresenta melhor resultado clínico.
O estudo
Um estudo recente analisou dados do Registro Dinamarquês de Reconstrução de Ligamentos do Joelho para comparar as taxas de revisão, estabilidade do joelho e resultados clínicos entre pacientes nos quais foi utilizado enxerto de quadríceps com ou sem bloco ósseo.
Foram incluídos no estudo pacientes submetidos a cirurgia de reconstrução ligamentar primária do LCA utilizando enxerto do QT. Os pacientes foram divididos em dois grupos: QT com bloco ósseo (n=925) e QT sem bloco ósseo (n=659). A estabilidade do joelho foi avaliada através de testes clínicos de estabilidade e do uso de lachmetro para determinação da estabilidade antero-posterior.
Os parâmetros funcionais foram avaliados com o uso dos escores KOOS (Knee Injury Osteoarthritis Outcome Score) e a escala de atividade Tegner. Foram também registradas as taxas de revisão cirúrgica assim como com a análise de pontuações em escalas de qualidade de vida.
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Resultados
A taxa de revisão em dois anos foi de 2,8% para ambos os grupos. Na avaliação da estabilidade através dos testes clínicos, o grupo com bloco ósseo apresentou uma taxa menor de pivot shift positivo (22%) em comparação ao grupo sem bloco ósseo (31%) embora a estabilidade anteroposterior avaliada com o lachmetro tenha sido semelhante resultando em valores de 1,5mm de diferença lado a lado no grupo com bloco ósseo e 1,6 no grupo com plug ósseo.
Embora os resultados nas escalas KOOS e Tegner tenham sido semelhantes após um ano, o grupo com bloco ósseo teve uma menor melhora nos escores KOOS comparado ao grupo sem bloco ósseo.
Conclusão
Os achados desse estudo sugerem que a reconstrução do LCA utilizando QT, com ou sem bloco ósseo, resulte em taxas de revisão semelhantes, entretanto o enxerto com bloco ósseo demonstrou maior estabilidade rotacional com menor incidência de pivot shift residual do que o enxerto apenas de partes moles podendo ser esta uma vantagem com o uso do enxerto com bloco ósseo.
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