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Ortopedia12 março 2025

Tratamento das lesões da raiz meniscal o que realmente funciona

Estudo comparou estratégias de manejo das lesões da raiz meniscal, avaliando a radiológica da osteoartrite e os desfechos clínicos relatados pelos pacientes
Por Rafael Erthal

As lesões da raiz posterior dos meniscos estão cada vez mais no radar dos ortopedistas. E não é para menos: elas comprometem diretamente a biomecânica do joelho, podendo acelerar o desgaste articular e levar precocemente à artroplastia total do joelho (ATJ). Mas diante das opções de tratamento – reparo, meniscectomia parcial ou manejo conservador –, qual realmente oferece os melhores resultados? 

Uma revisão sistemática recente trouxe evidências valiosas para essa discussão. Com base na análise de 56 estudos e mais de 3.000 pacientes, o estudo comparou diferentes estratégias de manejo dessas lesões, avaliando a radiológica da osteoartrite e os desfechos clínicos relatados pelos pacientes. 

lesão raiz do menisco

O que os números dizem? 

Os resultados indicaram que o reparo da raiz meniscal teve um comportamento melhor do que o das outras abordagens. Pacientes submetidos ao reparo apresentaram menor perda de espaço articular, menor extrusão meniscal e menor taxa de progressão para ATJ. Enquanto a meniscectomia foi associada a um estreitamento do espaço articular de até 2,4 mm e a uma taxa de conversão para ATJ de 35% a 60%, os pacientes que realizaram o reparo tiveram uma perda articular muito menor (0,9 mm no máximo) e uma taxa de conversão bem mais baixa (0% a 22%). 

O tratamento não cirúrgico, embora menos agressivo, também não apresentou um prognóstico animador. Cerca de 31% dos pacientes tratados conservadoramente precisaram de uma ATJ em média 30 meses após o diagnóstico da lesão. 

Saiba mais: Reparo da raiz posterior vs. reparo de outras lesões do menisco medial

Mais do que exames complementares, como os pacientes se sentem? 

Além das evidências radiológicas, o estudo avaliou a percepção dos pacientes sobre dor, função e qualidade de vida. Os escores do International Knee Documentation Committee (IKDC) e do Lysholm, por exemplo, apresentaram melhorias mais expressivas no grupo de reparo em comparação com os demais. Pacientes submetidos ao reparo também relataram melhores resultados nos subescores de dor, atividades esportivas e qualidade de vida do Knee Injury and Osteoarthritis Outcome Score (KOOS). 

Esses achados reforçam a importância de priorizar o reparo sempre que possível, especialmente em pacientes mais jovens e com bom potencial de cicatrização. 

A decisão é sempre tão simples? 

O sucesso do reparo depende de fatores como a idade do paciente, qualidade do tecido meniscal e presença de comorbidades articulares. Além disso, a literatura ainda apresenta certa heterogeneidade nos estudos, tornando fundamental a individualização da conduta. 

Por outro lado, a meniscectomia parcial pode ser uma opção para pacientes com lesões irreparáveis ou em estágios avançados de osteoartrite. Já o tratamento conservador pode ser considerado para aqueles com pouca demanda funcional ou que apresentam contraindicações cirúrgicas. 

O que essa revisão muda na prática clínica? 

Este estudo reforça o que muitos especialistas já suspeitavam: preservar a raiz meniscal deve ser prioridade. A reabilitação também tem um papel essencial nesse cenário, garantindo que o reparo cicatrize adequadamente e que o paciente recupere sua função articular. 

O caminho para um consenso absoluto sobre o melhor tratamento das lesões da raiz ainda pode ser longo, mas uma coisa é certa: entender a importância dessas lesões e tratá-las corretamente pode ser a chave para evitar a osteoartrite precoce do joelho. 

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Referências bibliográficas

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