Ressecção ou curetagem para tumor de células gigantes de rádio distal

O tumor de células gigantes (TCG) é benigno, formado por células multinucleadas e com possibilidade de malignizacão. Em 10% dos casos, o rádio distal pode ser acometido levando ao quadro de dor, edema, deformidade e disfunção, principalmente se também há acometimento de tecidos adjacentes. Os tratamentos mais indicados para tais tumores são a curetagem ou ressecção cirúrgica. 

São escassos na literatura artigos comparando as duas opções quanto a resultados de função pós-operatória, complicações e recorrência. Diante disso, foi publicado recentemente na Revista Brasileira de Ortopedia – RBO um estudo com o objetivo de comparar os resultados funcionais de ambos os procedimentos cirúrgicos e chegar a uma conclusão coerente sobre qual procedimento gera um melhor resultado em termos de função, complicações e recorrência. 

Metodologia

Foi desenvolvida uma revisão sistemática com pesquisa nas bases de dados Pubmed/Medline, Google Scholar e Cochrane entre 1990 e 2019. Foram incluídos apenas artigos comparativos (ensaios clínicos randomizados e estudos de coorte) das duas técnicas de tratamento.  

Foram excluídos pacientes com outros tumores ósseos, malignização, submetidos a tratamentos adjuvantes como radio ou quimioterapia. Ensaios clínicos de baixa qualidade, cartas, comunicações curtas, comentários, editoriais, relatos de casos, estudos de braço único, artigos de conferências, procedimentos e comunicações pessoais também foram excluídos. 

Veja também: Qual a taxa de recidiva do tumor de células gigantes tenossinovial (TTCG)?

Resultados

Assim, 7 estudos, compreendendo 114 pacientes com ressecção cirúrgica do tumor e 108 com curetagem, totalizando 222 pacientes sendo 117 homens e 105 mulheres, foram incluídos na revisão. No geral, os pacientes no grupo de curetagem tiveram uma taxa de recorrência maior, sendo estatisticamente significativo (0,205; intervalo de confiança de 95% [IC95%] = 0,057–0,735; p=0,015).  As incidências de complicações permaneceram as mesmas em ambos os grupos (2,845; IC95% = 0,644–12,57; p=0,168) e os resultados funcionais foram semelhantes em ambos os grupos também (0,948; IC95% = 2,074–0,178; p=0,099). 

Conclusão

A revisão sistemática sugeriu que ambas as modalidades cirúrgicas geram resultados semelhantes funcionais e de complicações, com vantagem da cirurgia de ressecção quanto à menor possibilidade de recidiva. Na prática, o estudo sustenta a preferência pela cirurgia de ressecção nos casos de TCG de rádio distal com a curetagem reservada apenas para casos de baixo grau e menor potencial de recorrência.