A Agência Nacional de Saúde (ANS) divulgou a consulta pública nº144, recentemente, sobre a mudança das recomendações da idade mínima para início de mamografia de rastreamento. A recomendação do rastreamento sempre foi de início de mamografia nas pacientes assintomáticas, de baixo e médio risco para câncer de mama, a partir dos 40 anos, anualmente. Entretanto, as recomendações do Ministério da Saúde (MS) são de início a partir de 50 anos, e mantê-la a cada dois anos, se exame normal.
De acordo com os principais guidelines e evidências disponíveis, e recomendação da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) o rastreamento do câncer de mama nas pacientes assintomáticas, de baixo e médio risco de desenvolvimento de câncer de mama, deve ser anualmente a partir dos 40 anos.
O risco habitual ao longo da vida de uma mulher é de 1:8, ou seja, uma em cada 8 mulheres desenvolverão câncer de mama ao longo da vida. O objetivo do rastreamento do câncer de mama é procurar, em mulheres assintomáticas, lesões mais iniciais possíveis para garantir as altas chances de cura com tratamentos menos invasivos possível, reduzindo mortalidade e morbidade.
Exames de rastreio
A mamografia, dentre os diversos exames de imagem de mama, é o único até o momento, que demonstrou redução de mortalidade, quando usado para rastreamento do câncer de mama. A mamografia digital é mais acurada, principalmente nas mulheres abaixo de 50 anos, devido a maior densidade das mamas. A associação de tomossíntese à mamografia aumentou a detecção do câncer e reduziu os falsos positivos. A maior densidade das mamas observada principalmente nas mulheres mais jovens reduz a acurácia da mamografia convencional e digital. Em todos os estudos disponíveis, os benefícios foram mostrados com a mamografia de filme, as novas técnicas nem foram incluídas. A complementação da avaliação de rastreio com outras modalidades de exames de mama deve ser recomendada pelo médico especialista após a avaliação de risco da paciente e resultados da mamografia.
Em relação a idade de início do rastreio, que é a grande polêmica do momento, devido a consulta pública número 144 da ANS, diversos guidelines como NCCN, ASCO guidelines, ESMO guidelines e segundo as recomendações da SBM e SBOC, deveria ser a partir de 40 anos.
Embasamento
Essa recomendação tem suporte científico em estudos realizados randomizados e controlados, retrospectivos e observacionais com grande número de pacientes incluídas. Enquanto os benefícios da mamografia refletem a redução da morbimortalidade por câncer de mama inclusive na população entre 40-49 anos, os possíveis malefícios seriam falsos positivos e aumento do número de exames de propedêutica para esclarecimento, bem como diagnósticos desnecessários. No que concerne a frequência do rastreamento, estudos mostraram que os benefícios de o fazer anualmente superam os riscos de fazê-lo bianualmente. Além disso, o câncer de mama em mulheres mais jovens tende a ser mais agressivo e de crescimento mais rápido, o que conferiria diagnósticos mais tardios, se a mamografia for realizada bianualmente.
Conclusão e mensagem prática
Dessa forma, conclui-se que manter a recomendação de mamografia anual a partir dos 40 anos, para as mulheres brasileiras é essencial para garantir diagnósticos precoces de câncer de mama e tratamentos curativos e menos mórbidos.
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