A classificação sistemática do PI-RADS (Prostate Imaging-Reporting and Data System) foi introduzida em 2012 e atualizada recentemente em 2019 (versão 2.1). Ela é uma padronização criada para interpretar e relatar exames (“dar o laudo”) de ressonância magnética (RM) da próstata visando melhorar a acurácia do diagnóstico do câncer de próstata clinicamente significativo, promovendo uma linguagem uniforme entre os médicos radiologistas e o médico que solicitou o exame, geralmente um clínico geral ou urologista.
Trata-se de uma ferramenta importantíssima para guiar biópsias dirigidas e para ajudar nas decisões terapéuticas e estratificação de risco nos pacientes com suspeita clínica de câncer de próstata virgens de tratamento. Ela combina informações morfológicas e funcionais da RM multiparamétrica, que utiliza imagens ponderadas em T2, difusão (DWI) e estudo dinâmico contrastado (DCE) – cada uma dessas sequencias contribui para a melhor caracterização das lesões e devem sempre estar presentes na aquisição das imagens. Deve-se utilizar preferencialmente aparelhos de RM de 3T, embora o uso de 1,5T seja aceitável e o uso da bobina intrarretal não é obrigatório.
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Classificação
A classificação PI-RADS utiliza uma escala de 1 a 5 para estimar a probabilidade de uma lesão ou nódulo ser um câncer de próstata clinicamente significativo.
- PI-RADS 1: Muito baixa probabilidade de câncer clinicamente significativo (cerca de 2%).
- PI-RADS 2: Baixa probabilidade (cerca de 4%).
- PI-RADS 3: Probabilidade Intermediária (cerca de 20%).
- PI-RADS 4: Alta probabilidade de câncer clinicamente significativo (cerca de 52%).
- PI-RADS 5: Muito alta probabilidade (cerca de 89%).
A zona da próstata onde a lesão está localizada vai influenciar na maneira de interpretar as imagens: para lesões na zona periférica, a sequência de difusão (DWI) é a mais importante para ser analisada; já na zona de transição, o peso maior é dado às imagens ponderadas em T2.
Outro aspecto crítico do PI-RADS é o uso do estudo dinâmico contrastado (DCE): embora não determine a classificação final, ele é útil como critério de desempate, especialmente em casos classificados como PI-RADS 3 na zona periférica.
Em termos clínicos, a classificação PI-RADS serve para orientar a necessidade de biópsia e monitoramento dos achados, ressaltando que a decisão também vai depender de outras variáveis, como história clínica do paciente, preferências do paciente, experiência do médico e valores séricos do PSA. Importante ressaltar que a RM multiparamétrica da próstata também é capaz de avaliar se há linfonodomegalias suspeitas para acometimento neoplásico secundário e lesões ósseas suspeitas no osso da bacia, no campo de imagem disponível no exame da próstata.
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Lesões PI-RADS 1 ou 2 frequentemente não exigem intervenção imediata, enquanto lesões PI-RADS 4 ou 5 frequentemente demandam biópsia e investigação detalhada. Lesões PI-RADS 3 ainda possuem dados conflitantes de literatura sobre como proceder e nem todas requerem biópsia imediata, podendo serem acompanhadas de perto, especialmente se há baixos valores de PSA,o paciente está assintomático e não tem história familiar de câncer de próstata.
Portanto, entender o PI-RADS é crucial para a prática clínica. Ele proporciona uma abordagem objetiva para avaliar lesões prostáticas, integrando exames de imagem com o contexto clínico, promovendo decisões diagnósticas e terapêuticas mais precisas e personalizadas. É muito importante que o médico generalista saiba como agir ao receber um laudo com a classificação PI-RADS, seja para encaminhara para o médico urologista para avaliar biópsia, seja para tranquilizar o paciente em relação ao resultado obtido.
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