O câncer de próstata é uma degeneração maligna que afeta glândulas produtoras de sêmen localizadas na próstata. Geralmente, apresenta crescimento acelerado e alto poder de infiltração. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o câncer de próstata é considerado o segundo tipo mais comum entre os homens e a quinta maior causa de morte por câncer. No Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer, foram estimados para o ano passado 61.200 casos novos de câncer de próstata para o país.
Após o diagnóstico de câncer de próstata, os pacientes são confrontados com uma infinidade de opções de tratamentos. A escolha do tratamento é influenciada pelas características do paciente e pela gravidade ou agressividade do câncer. A capacidade de categorizar os pacientes com base na agressividade do câncer é essencial para facilitar as decisões de cuidado.
A American Urological Association (AUA), juntamente com American Society for Radiation Oncology (ASTRO) e Society of Urologic Oncology (SUO) publicaram uma nova diretriz clínica sobre o padrão de tratamento para homens com câncer de próstata localizado.
Esta diretriz é estruturada com o objetivo de fornecer um quadro clínico estratificado pela gravidade do câncer (ou grupo de risco) para facilitar as decisões de cuidado. Adicionalmente, tem como finalidade orientar as especificidades da implementação das opções de manejo.
O tratamento secundário ou de recuperação para o câncer de próstata localizado que persiste ou reaparece após a intervenção definitiva primária e o tratamento primário de doença localmente avançada/metastática não foram considerados no escopo dessa diretriz.
Segundo as opções de cuidados por gravidade/risco de câncer destacam-se as seguintes recomendações:
CÂNCER DE PRÓSTATA LOCALIZADO DE RISCO MUITO BAIXO/BAIXO
- Não deve-se realizar tomografia computadorizada abdominal e pélvica ou cintilografia óssea de rotina no estadiamento de pacientes com câncer de próstata localizado assintomáticos (Recomendação Forte; Nível de Evidência: Grau C);
- Deve-se recomendar a vigilância ativa como a melhor opção de cuidado disponível (Recomendação Forte; Nível de Evidência: Grau A);
- Deve-se recomendar a vigilância ativa como a opção de cuidado preferível para a maioria dos pacientes (Recomendação Moderada; Nível de Evidência: Grau B);
- Pode-se oferecer tratamento definitivo (ou seja, prostatectomia radical ou radioterapia) para selecionar os pacientes que possam apresentar uma alta probabilidade de progressão na vigilância ativa (Recomendação Condicional; Nível de Evidência: Grau B);
- Não deve-se adicionar terapia hormonal com radioterapia, exceto para reduzir o tamanho da próstata para braquiterapia (Recomendação Forte; Nível de Evidência: Grau B);
- Os clínicos devem informar os pacientes que consideram a criocirurgia, que os efeitos colaterais consequentes são consideráveis e o benefício de sobrevida não foi demonstrado em comparação com a vigilância ativa (Recomendação Condicional; Nível de Evidência: Grau C);
- Deve-se informar os pacientes que estão considerando a terapia focal ou o ultrassom focalizado de alta intensidade (HIFU) que essas intervenções não são opções de cuidados devido à escassez de evidências comparativas (Opinião de especialista);
- Recomenda-se observação ou espera vigilante para homens com uma expectativa de vida ≤ 5 anos (Recomendação Forte; Nível de Evidência: Grau B);
- Entre a maioria dos pacientes, os biomarcadores genômicos não demonstraram um papel claro na seleção de candidatos para vigilância ativa (Opinião de especialista);
CÂNCER DE PRÓSTATA LOCALIZADO DE RISCO INTERMEDIÁRIO
- Deve-se considerar o estadiamento desfavorável com TC ou MRI e cintilografia óssea (Opinião de especialista);
- Deve-se recomendar prostatectomia radical ou radioterapia mais terapia hormonal como opção de tratamento padrão (Recomendação Forte; Nível de Evidência: Grau A);
- Deve-se informar aos pacientes que o câncer de próstata de risco intermediário favorável pode ser tratado apenas com radiação, mas que a base de evidência é menos robusta do que a combinação de radioterapia com terapia hormonal (Recomendação Moderada, Nível de Evidência: Grau B);
- Em pacientes selecionados, pode-se considerar outras opções de tratamento, como criocirurgia (Recomendação Condicional; Nível de Evidência: Grau C);
- A vigilância ativa pode ser oferecida para selecionar pacientes com câncer de próstata localizado de risco intermediário favorável. No entanto, os pacientes devem ser informados do maior risco de desenvolver metástases em relação ao tratamento definitivo (Recomendação Condicional; Nível de Evidência: Grau C);
- Recomenda-se observação e espera vigilante para homens com uma expectativa de vida ≤ 5 anos (Recomendação Forte; Nível de evidência: Grau A)
- Deve-se informar os pacientes que estão considerando a terapia focal ou HIFU que essas intervenções não são opções de cuidados devido à escassez de evidências comparativas (Opinião de especialista);
CÂNCER DE PRÓSTATA LOCALIZADO DE RISCO ALTO
- Deve-se realizar o estadiamento com TC ou MRI e cintilografia óssea (Princípio clínico);
- Recomenda-se prostatectomia radical ou radioterapia mais terapia hormonal como opção de tratamento padrão (Recomendação Forte; Nível de evidência: Grau A);
- A vigilância ativa não deve ser recomendada. Espera vigilante só deve ser considerada em homens assintomáticos com expectativa de vida limitada (≤ 5 anos) (Recomendação Moderada, Nível de Evidência: Grau C)
- Criocirurgia, terapia focal e HIFU não são tratamentos recomendados (Opinião de especialista);
Não deve-se recomendar terapia hormonal primária, a menos que o paciente tenha expectativa de vida limitada e sintomas locais. (Recomendação Forte; Nível de evidência: Grau A); - O encaminhamento para aconselhamento genético pode ser considerado para pacientes (e suas famílias) com câncer de próstata localizado de risco alto e uma história familiar forte de carcinomas específicos (por exemplo, mama, ovário, pancreático, outros tumores gastrointestinais, linfoma) (Opinião de especialista);
Adicionalmente a recente diretriz apresentou abordagens recomendadas e detalhes de opções de cuidados específicos para vigilância ativa, prostatectomia, radioterapia, criocirurgia, ultrassom focalizado de alta intensidade e terapia focal. Além de apresentar efeitos colaterais do tratamento e qualidade de vida relacionada à saúde. Para conhecer todos os detalhes da diretriz: acesse o link.
Referências:
- World Health Organization (WHO). GLOBOCAN 2012: Estimated Cancer Incidence, Mortality and Prevalence Wordwide in 2012 [Internet]. Available from: https://globocan.iarc.fr/Pages/fact_sheets_population.aspx
- Ministérios da Saúde (Brasil). Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Estimativa 2016. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde; 2015. 126 p.
- https://www.auanet.org/guidelines/clinically-localized-prostate-cancer-new-(aua/astro/suo-guideline-2017)
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.