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Nutrologia7 setembro 2023

Desnutrição tem influência no prognóstico de pacientes infartados?

A desnutrição tem sido associada a desfechos inferiores em pacientes admitidos com infarto agudo do miocárdio.

A associação entre obesidade e doença arterial coronariana (DAC) é bastante conhecida e bem estudada, porém não há tantos dados sobre a associação de desnutrição e DAC. Ela leva a diversas alterações metabólicas e fisiológicas que poderiam trazer consequências para o paciente com infarto agudo do miocárdio (IAM).  Baseado nisso, foi feito um estudo que avaliou o impacto da desnutrição nos desfechos de pacientes internados por IAM nos Estados Unidos. 

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Desnutrição tem influência no prognóstico de pacientes infartados?

Desnutrição tem influência no prognóstico de pacientes infartados?

Métodos do estudo 

Foi estudo retrospectivo baseado em registros de altas hospitalares que avaliou pacientes de 30 estados americanos. Os pacientes eram maiores de 17 anos, tinham diagnóstico principal de IAM e receberam alta entre janeiro e novembro de 2016 a 2019. Foram obtidos dados em relação a desnutrição, classificada em avançada ou inicial. 

Os desfechos avaliados foram taxar de readmissão, taxa de mortalidade e tempo de internação de pacientes com IAM e desnutrição e de pacientes com IAM sem documentação. 

Resultados 

Foram avaliados dados de mais de 2 milhões de pacientes. Desses, 4% (91 mil) tinham diagnóstico de desnutrição e foram incluídos. Comparado ao grupo sem desnutrição, o grupo com desnutrição tinha pacientes mais velhos, (74 x 67 anos), mais frequentemente do sexo feminino (49% x 37%) e com maior prevalência de neoplasias, insuficiência cardíaca, doenças hepática e renal crônicas. Todas essas variáveis tiveram p < 0,001. O status socioeconômico foi semelhante entre os grupos. 

Em relação aos desfechos, os pacientes com desnutrição tiveram maior mortalidade (13% x 5%) e maior taxa de readmissão em 30 dias (10% x 5%). Além disso, o tempo de internação foi mais prolongado na primeira internação (13 x 7 dias) e na readmissão (7 x 5 dias). Todos os desfechos tiveram diferença estatisticamente significante. 

Mesmo após ajustes para as comorbidades, o risco de mortalidade intra-hospitalar foi maior para os pacientes com desnutrição leve (OR 1,3; IC95% 1,2-1,4; p < 0,001) e ainda maior para os com desnutrição avançada (OR 2; IC95% 1,9-2,1; p < 0,001). 

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Conclusão e mensagem prática 

Esse é o maior estudo que avaliou pacientes com IAM e desnutrição e mostrou relação com mortalidade intra-hospitalar, maior tempo de internação e maior taxa de re-internação. Além disso, pacientes com desnutrição mais grave tiveram associação mais forte com a mortalidade. Pode ser que o tratamento da desnutrição possa melhorar os desfechos desses pacientes, como mostrado por alguns estudos menores.  

Apesar de esse estudo ter limitações como ser retrospectivo, depender de dados obtidos de um sistema de dados previamente preenchido e não ter informações laboratoriais dos pacientes, nos trouxe informações bastante interessantes e esses achados podem ser usados no intuito de implementar ferramentas de rastreamento nutricional e intervenção nos pacientes com infarto, no intuito de melhorar seu prognóstico. 

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