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Cardiologia26 agosto 2023

ESC 2023: Há benefício de ECMO-VA precoce no choque cardiogênico por infarto?

Um estudo teve o intuito de avaliar o efeito da ECMO-VA na mortalidade de pacientes com choque cardiogênico consequente a IAM.

Choque cardiogênico é a principal causa de mortalidade em pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM) e, apesar dos avanços no tratamento, até 40-50% dos pacientes morrem em 30 dias.  

Na tentativa de estabilizar o paciente até sua recuperação ou decisão por outro tipo de tratamento, tem-se utilizado cada vez mais o suporte circulatório mecânico, principalmente a membrana de oxigenação extracorpórea venoarterial (ECMO-VA), que fornece suporte circulatório e respiratório. 

Até o momento não há grandes estudos para confirmar o benefício do dispositivo, apenas alguns estudos observacionais e três estudos randomizados pequenos. Ainda, o risco de complicações como sangramento, acidente vascular cerebral (AVC), isquemia de extremidades e hemólise é alto. 

Foi feito então o estudo ECLS-SHOK, apresentado no European Society of Cardiology (ESC 2023), no intuito de avaliar o efeito da ECMO-VA na mortalidade de pacientes com choque cardiogênico consequente a IAM. Também foi publicada uma metanálise com a avaliação dos pacientes dos três estudos randomizados prévios e o estudo atual. 

ESC 2023: Terapia natriurética guiada na insuficiência cardíaca aguda

ESC 2023: Terapia natriurética guiada na insuficiência cardíaca aguda

Métodos do estudo e população envolvida 

Foi estudo randomizado, controlado, multicêntrico, que incluiu pacientes com IAM e choque cardiogênico (confirmado com lactato ≥ 3mmol/L) submetidos a revascularização miocárdica. Os pacientes foram randomizados para ECMO—VA e tratamento padrão ou apenas tratamento padrão e o desfecho primário foi mortalidade por todas as causas em 30 dias. 

Resultados 

Foram incluídos 420 pacientes com idade média de 63 anos, sendo 19% do sexo feminino. Os pacientes deste estudo eram mais graves que de estudos prévios, sendo que 77% receberam ressuscitação cardiopulmonar antes da randomização. A maioria teve a colocação do dispositivo antes ou depois da revascularização, que na quase totalidade dos casos foi percutânea.  

No grupo ECMO-VA, o desfecho primário ocorreu em 47,8% e no grupo tratamento padrão em 49% (RR 0,98, IC95% 0,80-1,19; p = 0.,81). Não houve diferença significativa nos desfechos secundários, com clearence de lactato, função renal e SAPS II semelhante entre os grupos.  

Houve maior ocorrência de sangramento moderado ou grave no grupo ECMO-VA (23,4% x 9,6%) comparado ao controle, assim como maior ocorrência de complicações vasculares periféricas com necessidade de intervenção (11% x 3,8%). 

Comentários e conclusão 

Apesar de bastante utilizado na prática clínica, esse estudo mostrou que a utilização de ECMO-VA de forma precoce não levou a redução de mortalidade em 30 dias e levou a maior ocorrência de complicações. A metanálise realizada com os quatro estudos confirmou esses resultados, que devem influenciar a prática clínica, com menor indicação de ECMO-VA de forma rotineira em casos de IAM seguido de choque cardiogênico. Ainda é necessário definir se existe algum subgrupo de pacientes que se beneficia do procedimento.

O ESC 2023 traz atualizações de diretrizes e resultados de grandes estudos da cardiologia. Fique por dentro!

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