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Neurologia30 maio 2019

Ultrassonografia: uma ferramenta complementar nos distúrbios neuromusculares

Estudos diagnósticos para suspeitas de doenças neuromusculares incluem exames de sangue, estudos de condução nervosa, EMG e biópsia.

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Estudos diagnósticos para suspeitas de doenças neuromusculares incluem: exames de sangue, estudos de condução nervosa, eletromiografia (EMG) e biópsia, ocasionalmente, ressonância magnética (RM). O custo crescente dos cuidados com a saúde continua a ser uma séria crise médica, pessoal e financeira para pacientes, médicos e hospitais, bem como para empresas, seguradoras e governo.

Sob a ótica terapêutica, é cada vez mais comum novos medicamentos custarem milhões de reais por ano. Sob a ótica diagnóstica, a imagem avançada, especialmente a ressonância magnética, é cada vez mais utilizada. Embora altamente eficaz, o seu uso de forma imprópria, também eleva os custos dos cuidados de saúde. Esses altos custos resultaram em uma burocracia crescente das agências de seguros. Como consequência deste efeito cascata, o foco está no valor e não na saúde. Como o valor é definido como qualidade dividida pelo custo, um exame como a ressonância magnética, que tem alta qualidade, mas também alto custo, tem seu valor limitado a determinadas situações.

ultrassonografia

Ultrassonografia neuromuscular

No mundo capitalista, o ideal seria um exame de alta qualidade e baixo custo. Diante desta realidade, a ultrassonografia neuromuscular (USNM) ganha espaço por ter uma interessante relação custo-efetividade, complementando os testes eletrodiagnóstico nos distúrbios neuromusculares.

Embora o advento da ultrassonografia médica é de 1940, ela foi introduzida pela primeira vez aos distúrbios neuromusculares em 1980, em estudos com distrofia muscular de Duchenne. Ao longo dos anos, ocorreu uma revolução no ultrassom. Além de seus usos bem conhecidos em obstetrícia, cardiologia e distúrbios abdominais, é cada vez mais usado por intensivistas, emergencistas ortopedistas, anestesistas, especialistas em dor e neurologistas no estudo de distúrbios neuromusculares. Muitos avanços tecnológicos são responsáveis ​​por seu uso mais difundido: software aprimorado, sondas de alta frequência, resultando em resolução de imagem muito maior, dispositivos menores e portáteis, e custos mais baixos.

A ultrassonografia diagnóstica fornece detalhes qualitativos e quantitativos sobre doenças nervosas e musculares e tem muitas indicações na avaliação de doenças neuromusculares raras e comuns.

A USNM concentra-se especificamente nos nervos periféricos, músculos e nas estruturas adjacentes. Por exemplo: as mononeuropatias focais estão entre as mais comuns das desordens neuromusculares e são frequentemente avaliadas com eletroneuromiografia, que analisa a fisiologia do nervo e do músculo, e muitas vezes, localiza o problema. Em contraste, a USNM é um exame de imagem que também pode localizar e adicionar informações diagnósticas específicas que os estudos de eletrodiagnóstico não conseguem detectar.

Com instrumentação de ultrassom de ponta e sondas de alta resolução, os principais nervos dos membros superiores e seus ramos distais podem ser seguidos da axila até a mão. No membro inferior, os nervos podem ser seguidos da região glútea até os pés, mas, devido ao grande diâmetro das pernas e à espessura dos pés e da planta, é mais difícil as porções proximais do nervo e dos ramos terminais. Porções do plexo braquial são facilmente visíveis por ultra-som, mas o plexo lombossacro, devido à sua localização profunda, não é facilmente visualizado em adultos.

Ultrassom de alta resolução é particularmente informativo em relação às síndromes de compressão do nervo, como a síndrome do túnel do carpo, e o aumento focal do nervo parece ser um indicador importante da patologia local. A ultrassonografia pode ser útil para o estudo de neuropatias inflamatórias e traumáticas e pode também identificar alterações neoplásicas nos nervos.

Na ultrassonografia do músculo, tanto as doenças neurogênicas quanto as musculares primárias estão associadas a aumento da ecogenicidade, atrofia, aumento da homogeneidade e perda da sombra óssea.

Uma vantagem do USNM é o fato de ser indolor, bem tolerado e seguro, bem como a capacidade de ser dinâmico (visualizar nervos, músculos e tendões com o membro movido ativamente ou passivamente para ajudar a entender a relação entre os nervos e músculos examinados e suas estruturas vizinhas).

Muitos estudos demonstraram que o USNM é um exame válido, confiável, sensível e específico na avaliação de neuropatias focais nas quais o nervo está em uma área ultrassonograficamente acessível. Como qualquer nova tecnologia, a educação e o treinamento são fundamentais para a disseminação desta ferramenta efetiva e de baixo custo.

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Referências:

  • Preston D.C. and Boon A.J. Neuromuscular ultrasound: You can’t beat the value Neurology. 2019;92:1-2
  • Hobson-Webb LD, Preston DC, Cartwright MS. Neuromuscular ultrasound: a call for training and education. Muscle Nerve 2018;57:168–169.
  • Seok JI, Walker FO, Kwak SG. Evaluation of extensor digitorum brevis thickness in healthy subjects: A comparative analysis of nerve conduction studies and ultrasound scans. Clin Neurophysiol 2016; 127:1664.
  • Hobson-Webb LD. Neuromuscular ultrasound in polyneuropathies and motor neuron disease. Muscle Nerve 2013; 47:790.
  • Zaidman CM. Ultrasound of muscular dystrophies, myopathies, and muscle pathology. In: Neuromuscular Ultrasound, 1st ed., Walker FO, Cartwright MS (Eds), Elsevier, Philadelphia 2011. p.131.

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