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Neurologia4 janeiro 2019

Saiba o que é pseudotumor cerebral, uma das causas da cefaleia

Dentre as várias etiologias de cefaleia, uma em questão tem sua importância pelas consequências graves que pode acarretar, o pseudotumor cerebral. Saiba mais:

Por Franklin Reis

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Dentre as várias etiologias de cefaleia, uma em questão tem sua importância por, ao mesmo tempo não ser muito lembrada pelos clínicos que atendem em serviços de pronto atendimento, e também pelas consequências graves que ela pode acarretar. Estamos falando da hipertensão intracraniana idiopática benigna, conhecida também como pseudotumor cerebral.

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Apesar de ser chamada “benigna”para distinguir da hipertensão intracraniana causada por tumores cerebrais, está longe de ser realmente benigna, pois pacientes que sofrem desse mal muitas vezes tem cefaleias intensas e recorrentes e intratáveis pela falta de conhecimento dos profissionais de saúde que estão nos prontos atendimentos e também pelo risco de acarretar perda visual grave.

pseudotumor cerebral

Epidemiologia

Ha um maior risco de desenvolver pseudotumor cerebral em pacientes obesas em idade fértil, chegando a ser em alguns estudos ate 10 vezes maior a incidência nesse grupo de pacientes (Keller et al 2001). Também há alguns medicamentos que são ligados com o aparecimento de pseudotumor cerebral. Entre esses medicamentos podemos citar:

  1. Hormônio de crescimento para tratamento em crianças
  2. Retinoides, como a isotretinoina. Medicamento que é amplamente usado nos dias atuais. Usa-se muito para controle de acnes, sendo um tratamento feito muitas das vezes de forma prolongada
  3. E alguns antibióticos como tetraciclina e doxiciclina que também estão associados ao desenvolvimento de pseudotumor cerebral

Apesar da conhecida ligação desses medicamentos com o desenvolvimento da hipertensão intracraniana idiopática benigna, vale a pena ressaltar que a grande maioria dos casos com diagnostico fechado não tem relato de uso dessas medicações pelos pacientes. Nem dessas e nem de outras que possam correlacionar com o início e manutenção do quadro das cefaleias.

Apresentação Clínica

A apresentação clinica clássica é a de um paciente do sexo feminino obesa em idade fértil com cefaleias intensas e refratarias a analgésicos potentes, que já deu várias entradas em pronto atendimento sem melhora e que ao exame de fundo de olho apresenta papiledema.

Com relação aos sintomas podemos citar (Wall et al, 2014):

  1. Cefaleias (84 a 92%): sintoma mais comum, é raro paciente que não o presente. São de características variadas e inespecíficas, intermitente ou persistente, diárias ou menos frequente. Pioram com alterações posturais e alguns melhoram com AINH e descanso
  2. Alterações visuais transitórias (68 a 72%): duram segundos e podem ser uni ou bilaterais, em episódios isolados ou ocorrendo várias vezes por dia. Provocados por posições, valsalva, movimentos dos olhos e não são preditivos para perda visual definitiva
  3. Barulhos intracranianos (Tinitus Pulsátil) (52 a 60%): pacientes descrevem como água correndo ou barulho do vento
  4. Fotopsia (48 a 54%): percepção de flashes de luz nos olhos. Podem ser também provocadas por posições que o paciente assume ou por valsalva
  5. Dor Retrobulbar (44%)
  6. Diplopia (18 a 38%): geralmente devido a paralisia do nervo abducente uni ou bilateral por aumento da pressão intracraniana
  7. Perda visual sustentada s (26 a 32%)

Importante lembrar que esses sintomas não são específicos para pseudotumor cerebral, e são comuns em várias outras patologias. De todos esses, o Tinitus Pulsatil é o que mostra nos estudos melhor ser o mais útil para o diagnóstico diferencial

Com relação aos sinais, podemos citar entre os mais importantes:

  1. Papiledema: tipicamente bilateral e simétrico. Quanto mais grave o papiledema maior a possibilidade de perda visual definitiva
  2. Perda visual: principal morbidade, podendo estar presente desde a avaliação inicial, geralmente de evolução gradual, porém pode apresentar quadros com evolução fulminante. Tipicamente o campo visual perdido inicialmente é o periférico, com a parte central vindo a piorar posteriormente
  3. Paralisia do nervo abducente: pode ser bilateral ou unilateral. Reflete um sinal de hipertensão intracraniana em relação ao nervo abducente que de todos os nervos cranianos é o que tem o comprimento intracraniano maior, sendo assim mais facilmente acometido.

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Referências:

  • Wall M, George D. Idiopathic intracranial hypertension. A prospective study of 50 patients. Brain 1991; 114 ( Pt 1A):155.
  • Wall M, Kupersmith MJ, Kieburtz KD, et al. The idiopathic intracranial hypertension treatment trial: clinical profile at baseline. JAMA Neurol 2014; 71:693.
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