A migrânea, comumente conhecida como enxaqueca, é condição altamente prevalente, cujas crises de dor de cabeça são intensas, durando > 4-72 horas, com sintomas sensoriais associados e frequentemente incapacitantes. Dentre as opções de tratamento abortivo, os triptanos são medicações utilizadas para esse fim. Entretanto, há grupo de pacientes que não respondem de forma adequada aos triptanos, com recorrência de dor em 24h, ou mesmo não toleram a medicação pelos seus efeitos colaterais, ou apresentam contra indicações, como em casos de paciente com alto risco cardiovascular.
Sendo assim, avanços na medicina buscando novas terapias abortivas tem ganhado enfoque nos últimos anos. Nesse cenário surgiram os Gepants, moléculas antagonistas do receptor do peptídeo do gene CGRP, testadas e eficazes para o tratamento abortivo. O rimegepant é uma medicação oral, estudada e aprovada nos EUA, União Europeia e Reino Unido. Sua dose é de 75 mg se necessário, utilizando no máximo 75 mg/dia.
Resumo do estudo
O estudo analisou a segurança e tolerabilidade do Rimegepant na dose de 75 mg, para o controle das crises de migrânea. Foi feita análise Post Hoc de um estudo aberto, multicêntrico, sobre o uso de tal molécula no tratamento da migrânea. Foram estudados subgrupos pelo perfil de utilização de triptanos: pacientes que utilizam triptanos e nunca deixaram de usar triptanos, pacientes que nunca utilizaram triptanos (naive) e pacientes que já utilizaram triptanos e descontinuaram (1 triptano, mais de 1 triptano e mais de 2 triptanos).
Foram elaboradas três coortes, a saber: pacientes com 2-8 crises/mês, utilizando rimegepant se necessário por 52 semanas; pacientes com 9-14 crises/mês, utilizando rimegepant se necessário por até 52 semanas; pacientes com 4-14 crises severas/mês, utilizando rimegepant em dias alternados independente da crise e rimegepant sob demanda caso crise, por 12 semanas.
No desenho desse estudo, os desfechos estudados foram a segurança da medicação, medidos através de eventos adversos, eventos graves e eventos que levaram a descontinuação da medicação, outros eventos como alteração de função hepática também foram medidos. Além disso, aplicaram escalas de incapacidade na enxaqueca, questionário de qualidade de vida, auto preferência de medicação para enxaqueca, satisfação com tratamento e impressão global de melhora.
Resultados
Os eventos adversos ocorreram de forma mais frequente no grupo resistente aos triptanos, porém no geral os eventos adversos foram semelhantes entre os grupos, sendo infecção respiratória alta o mais comum. Em todas as coortes, a preferência pelo rimegepant foi acima de 75%. As análises finais demonstraram boa tolerância e segurança no uso de tal molécula, especialmente em pacientes com dificuldades relacionadas aos triptanos. Outro dado interessante foi a segurança do uso por 52 semanas, o que sugere um benefício combinado de tratamento agudo e preventivo na migrânea. Importante ressaltar que esse estudo não foi voltado inicialmente para avaliação de eficácia e sim de segurança. Por fim, as escalas relacionadas a qualidade de vida, satisfação e preferência, foram altamente vinculadas ao rimegepant.
Mensagens finais
- Tratar a crise aguda de migrânea é um desafio, especialmente em pacientes que não respondem bem aos triptanos;
- Buscar alternativas pertinentes e seguras é uma necessidade, o que justifica o otimismo em relação aos gepants, em especial ao rimegepant;
- Entretanto, tal classe de medicações ainda não está aprovada no Brasil, com possibilidades de avanços nessa área em breve.
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