Devido à falta de terapias eficazes após hemorragia intracerebral, cerca de 18% dos pacientes sofrem de deterioração neurológica (DN) durante a hospitalização, o que leva a grandes incapacidades ou mesmo à morte.
Um modelo para prever o risco de DN durante a hospitalização para pacientes com hemorragia intracerebral é útil tanto para neurologistas quanto para pacientes. Por um lado, contribui para identificar ainda mais os fatores de risco, ajustar as estratégias terapêuticas e prever com precisão os resultados a longo prazo. Por outro lado, determina a possível relação custo-efetividade clínica para os pacientes e suas famílias e facilita uma relação favorável médico-paciente.
No entanto, poucos estudos focaram em preditores e não houve modelo de DN intra-hospitalar após hemorragia intracerebral. Estudos anteriores identificaram alguns fatores de risco de DN, incluindo idade, volume do hematoma, expansão do hematoma, hemorragia intraventricular, pontuação do National Institutes of Health Stroke Scale (NIHSS), pressão arterial sistólica, contagem de leucócitos séricos e glicemia sérica. Apesar do progresso inquestionável, eles geralmente resultam de uma pesquisa observacional em um único centro com amostras pequenas ou análise de conjuntos de ensaios clínicos randomizados, que não receberam validação em larga escala e não formaram modelo prognóstico.
O estudo
Um grupo chinês publicou na JAHA (Journal of the american Heart Association) em julho 2022 um novo escore clínico para predizer a DN durante a hospitalização após hemorragia intracerebral, com dados demográficos, apresentações clínicas, achados de imagem e testes bioquímicos no estudo CHERRY (Chinese Cerebral Hemorrhage: Mechanism and Intervention). Além disso, compararam seu desempenho com outros escores existentes que predizem um resultado ruim em 1 mês após HIC: Escala de Graduação de Hemorragia Intracerebral e Escala de HIC modificada do Departamento de Emergência.
Métodos
Neste estudo é proposto um modelo simples e prático para prever DN em aproximadamente duas semanas após HIC. A pontuação do local, tamanho, sexo, National Institutes of Health Stroke Scale, idade, leucócito, glicemia (SIGNALS) foi desenvolvida como uma soma de pontos individuais (0-8):
Componente | Ponto |
1. Localização | |
Supratentorial | 0 |
Infratentorial | 1 |
2. Tamanho | |
Ø Supratentorial | |
Maior ou igual 20 mL | 0 |
Menor que 20mL | 3 |
Ø Infratentorial | |
Maior ou igual a 10 mL | 0 |
Menor que 10 mL | 2 |
3. Sexo | |
Mulher | 0 |
Homem | 1 |
4. Idade | |
Menor que 70 anos | 0 |
Maior ou igual a 70 anos | 1 |
5. NIHSS | |
Menor ou igual a 10 | 0 |
Maior que 10 | 1 |
6. Leucócitos (WBC, ×109/L) | |
Menor ou igual a 9.000 | 0 |
Maior que 9.000 | 1 |
7. Glicemia: mg/dL | |
Menor ou igual 126 | 0 |
Maior que 126 | 1 |
Total: | 0-8 |
A proporção de pacientes que sofreram DN aumentou com maior pontuação SIGNALS, mostrando boa discriminação e boa calibração nas coortes avaliadas
Mensagem prática
Quando comparados com as outros scores existentes, os resultados indicaram que ele pode ser uma ferramenta confiável. É importante notar que são necessárias mais validações em coortes maiores de hemorragia intracerebral e outros grupos étnicos.
Apesar de algumas limitações, os autores afirmaram que a escala SIGNALS é capaz de predizer os riscos de DN intra-hospitalar em pacientes com hemorragia intracerebral.
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