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Neurologia30 setembro 2021

Possível efeito neuroprotetor de antagonistas do receptor alfa-1-adrenérgico na doença de Parkinson

A doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa devastadora sem qualquer tratamento neuroprotetor. Saiba mais.

A doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa devastadora sem qualquer tratamento neuroprotetor. Atualmente, cerca de 10 milhões de indivíduos em todo o mundo têm DP, e o número está crescendo à medida que a população envelhece. 

A doença de Parkinson apresenta diversas manifestações, incluindo sintomas motores e cognitivos. As terapias essenciais, como a levodopa e a estimulação cerebral, podem melhorar os sintomas motores, mas não retardam a neurodegeneração progressiva. 

 Apesar de pesquisas intensas, as intervenções potenciais não demonstraram neuroproteção consistente. Assim, as pessoas com doença de Parkinson enfrentam uma neurodegeneração inexorável e irreversível e a morbimortalidade resultante.

O metabolismo energético prejudicado é um fator patogênico potencial e amplamente inexplorado na DP. A idade é o principal fator de risco, e o aumento da idade está associado ao comprometimento do metabolismo da glicose cerebral, redução da biogênese mitocondrial e redução dos níveis de trifosfato de adenosina (ATP). 

 Entre as pessoas com DP, a glicólise e a função mitocondrial estão comprometidas.  Além disso, toxinas mitocondriais, como MPTP (1-metil-4-fenil-1,2,3,6-tetra-hidropiridina) e rotenona, induzem DP e fenótipos semelhantes.  As variantes que causam doença de Parkinson familiar frequentemente comprometem a função mitocondrial e o equilíbrio energético (por exemplo, PINK1parkin ,DJ-1 , CHCHD2 , α-sinucleína , LRRK2). 

 Esses achados sugerem que o metabolismo energético prejudicado desempenha um papel na patogênese da DP. Surge então uma hipótese: Será que as terapias que aumentam o metabolismo energético e o ATP podem prevenir o desenvolvimento da doença?

doença de parkinson

Estudos 

Uma oportunidade de testar essa hipótese surgiu quando estudos bioquímicos, funcionais e estruturais mostraram que a terazosina (TZ) se liga e aumenta a atividade da fosfoglicerato quinase 1 (PGK1), a primeira enzima geradora de ATP na glicólise.  A TZ atravessa a barreira hematoencefálica, aumentando a glicólise e o ATP nas células cerebrais. 

Leia também: Probióticos para constipação na doença de Parkinson

Estudos em modelos genéticos e induzidos por toxinas de DP em camundongos, ratos e moscas revelaram que o TZ retardou ou preveniu a perda de neurônios. 

A TZ é um antagonista do receptor α1-adrenérgico comumente usado para tratar hiperplasia prostática benigna e, raramente, hipertensão.  Os efeitos da TZ sobre PGK1 são independentes dos efeitos sobre os receptores α1-adrenérgicos.  

Dois outros antagonistas adrenérgicos α1 intimamente relacionados, doxazosina (DZ) e alfuzosina (AZ), têm uma ligação PGK1 semelhante, aumentam o metabolismo energético e são eficazes em um modelo de DP.

A  tansulosina é outro antagonista do receptor α1-adrenérgico. No entanto, ela não está estruturalmente relacionada ao TZ, não aumenta o metabolismo energético e não tem efeito em um modelo de DP.  

Os autores formularam a hipótese de que os pacientes que iniciaram a terapia com TZ / DZ / AZ teriam um risco menor de desenvolver doença de Parkinson em comparação com os pacientes que iniciaram a terapia com tansulosina. 

Testaram essa hipótese usando dois grandes bancos de dados administrativos de saúde dos Estados Unidos e da Dinamarca.

Conclusão 

Concluiram que o uso de qualquer um desses três medicamentos foi associado a risco reduzido ou progressão da DP em comparação com o não uso ou uso de tansulosina. Com certeza mais estudos são necessários para explorar um possível efeito neuroprotetor prospectivamente. 

Referências bibliográficas:

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