A doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa crônica e progressiva caracterizada por sintomas motores e não motores. As características motoras principais da DP são tremor, bradicinesia e rigidez. Uma quarta característica, instabilidade postural, é comumente citada, embora não está incluída em nenhum critério diagnóstico publicado para DP. A gravidade dos sintomas motores parece ser um preditor independente de mortalidade. As características clínicas mais sugestivas de DP idiopática em vez de uma síndrome parkinsoniana atípica ou secundária são o início assimétrico ou unilateral dos sinais/sintomas, a presença de tremor de repouso e uma boa resposta ao tratamento com L-dopa.
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Outros sintomas
Além dessas características motoras típicas, os pacientes com DP podem apresentar sintomas não motores relacionados à própria doença ou aos medicamentos usados para tratá-la, podemos citar:
- Manifestações neuropsiquiátricas como: sintomas psicóticos, ansiedade, apatia e transtornos do humor.
- Distúrbios do sono como: insônia, parassonias, síndrome das pernas inquietas e sonolência diurna.
- Disautonomias como: hipotensão ortostática, disfunção sexual e constipação.
A constipação é um dos distúrbios não motores mais comuns relacionados à disautonomia, o tempo de trânsito colônico é diminuído nestes pacientes.
O tratamento da constipação na DP geralmente não difere do tratamento da constipação de outras condições clínicas. A abordagem inclui:
- Mudança de comportamento e na dieta (por exemplo, aumento da ingestão de líquidos e fibras)
- Terapia laxativa com laxantes formadores de massa.
Especificamente em pacientes com DP, as seguintes terapias foram estudadas e consideradas mais eficazes do que o placebo em pequenos estudos:
- Polietilenoglicol, um laxante osmótico.
- Probióticos.
- Lubiprostona, um ativador do canal de cloro de ação local. A náusea é um efeito colateral comum da lubiprostona e a segurança em longo prazo não foi estabelecida. Esses fatores limitam o uso para pacientes com constipação grave, nos quais outras abordagens não tiveram sucesso.
Achados de estudo recente
Tan AH e col. estudaram 72 pacientes com DP e constipação, observaram que uma cápsula probiótica diária por quatro semanas melhorou os movimentos intestinais espontâneos, a consistência das fezes e a qualidade de vida em comparação com o placebo. Embora estudos maiores em pacientes com DP sejam necessários e estudos semelhantes em adultos com constipação crônica tenham resultados mistos, esses achados apoiam o uso de probióticos para constipação relacionada à DP como parte de uma abordagem multifatorial, como já comentado acima, que inclui mudança de comportamento/dieta e de terapia laxativa.
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Referências bibliográficas:
- Tan AH, Lim SY, Chong KK, et al. Probiotics for Constipation in Parkinson Disease: A Randomized Placebo-Controlled Study. Neurology. 2021; 96:e772. doi: 10.1212/WNL.0000000000010998
- Barichella M, Pacchetti C, Bolliri C, et al. Probiotics and prebiotic fiber for constipation associated with Parkinson disease: An RCT. 2016;87:1274. doi: 10.1212/WNL.0000000000003127
- Pfeiffer RF. Gastrointestinal dysfunction in Parkinson’s disease. Parkinsonism Relat Disord. 2011;17:10. doi: 1016/j.parkreldis.2010.08.003
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