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Neurologia19 maio 2025

Evidências para indicação de repetir TC de crânio em pacientes com TCE leve 

A eficácia da tomografia computadorizada (TC) de crânio de rotina para lesão cerebral traumática leve é o assunto de debate
Por Jesus Ventura

Traumatismos crânio-encefálicos (TCEs) são condições frequentes em serviços de pronto-atendimento. Sua classificação se baseia na escala de coma de Glasgow (ECG), sendo TCE leve (ECG 13-15), moderado (ECG 9-12) ou grave (3-8). Não há consenso em relação à realização de TC de crânio de controle em casos de TCE leve, sendo que alguns serviços adotam a realização de TC de crânio seriada, já outros realizam TC de crânio baseado em decisões clínicas.  

Tal ponto é discutido em revisão sistemática recentemente publicada e discutida abaixo.   

Sobre o estudo  

Revisão sistemática e metanálise que reuniu 37 estudos, publicados entre 2006 e 2024, incluiu aproximadamente 17.000 pacientes, com mais de 18 anos com TCE leve. O principal desfecho discutido na revisão foi a necessidade de intervenção neurocirúrgica baseada nas alterações tomográficas subsequentes. Outras questões debatidas incluíram a progressão de lesões radiológicas, deterioração clínica e mortalidade. Um ponto importante debatido foi sobre haver diferença entre realizar TC de controle de forma padronizada e seriada ou baseado em indicação clínica.    

O estudo apresentou grande variabilidade da amostra, com idades de 28 a 81 anos em média, grupos que recebiam anticoagulação oral ou não, diferentes localizações de sangramento (intraparenquimatoso, subdural, subaracnóideo), além de diferenças entre os protocolos de repetição de TC de crânio.   

Evidências para indicação de repetir TC de crânio em pacientes com TCE leve 

Imagem de freepik

Resultados: TC de crânio em pacientes com TCE leve 

A necessidade de intervenção neurocirúrgica foi semelhante nos dois grupos: 2,8% no grupo que realizou TC seriada e 3,2% no grupo que realizou TC através de seleção clínica, com IC 0.71-1.09 p=0.24 (ou seja, sem diferença estatística). Com relação às demais questões, também não houve diferença entre os grupos.  

Percebeu-se, porém, alguns preditores clínicos relacionados à piora, com maior risco de intervenção cirúrgica, os quais podem se beneficiar de protocolo de TC seriada mais rígida. São estes: volume de hemorragia intracraniana > 10 mL (OR >20); múltiplas lesões intracranianas (OR 11) e contusão temporal (OR em torno de 5).  

Assim, discute-se sobre um score que pode direcionar a solicitação de TC de crânio nesses casos:

  • Score BRAIN-CT: atribui 3 pontos para cada item de maior risco e 2 pontos para risco intermediário. Baixo risco inclui pontuação 0-2, moderado risco 3-5 e alto risco 6 pontos ou mais, sendo mandatório repetir imagem nesse último grupo.   

Mensagens práticas  

  • É fundamental o uso racional de recursos em saúde, evitando realização desnecessária de exames que não impactam na mudança de conduta;  
  • Ainda há necessidade de padronização de tempo e indicação na realização de TC de crânio seriada, porém o estudo apresentado mostra pontos que poderão ser úteis na tomada de decisão e em desenhos futuros de estudos acerca desse tema; 
  • Nesses casos, vigilância clínica, reavaliação e verificação de sinais de alarme são fundamentais.

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Referências bibliográficas

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