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A revista JAMA de fevereiro de 2017 publicou artigo que investiga a prevalência de autoanticorpos contra antígenos neuronais em um grupo de pacientes com epilepsia de causa desconhecida e propõe um score, com o propósito de identificar aqueles mais propensos a apresentar tal associação.
O estudo americano, prospectivo, avaliou dados de 112 pacientes consecutivos e de procedência diversa (ambulatório, enfermaria de neurologia, unidade neurointensiva e unidade de monitoramento de epilepsia) com diagnóstico de epilepsia de inicio recente ou história prévia de epilepsia de causa não conhecida. Os pacientes foram submetidos à pesquisa sérica de um amplo painel de autoanticorpos, avaliação clinica, imagem por Ressonância Magnética (RM) e análise do líquido cefalorraquidiano.
Foi identificada a presença de autoanticorpos em 39 pacientes (34,8%), sendo sua prevalência maior nos pacientes com epilepsia de inicio recente. Subsequentemente, desses 39 pacientes foram analisados 23 (20,5%) cujos resultados sorológicos correspondiam a padrões fortemente associados à epilepsia autoimune. Nesse ultimo grupo, os achados mais relevantes foram:
- Autoanticorpos mais prevalentes nos pacientes com epilepsia de inicio recente: antiNMDAR, antiLGI1 e antiGAD65 em altos títulos;
- Autoanticorpos mais prevalecentes nos pacientes com historia previa de epilepsia de causa não conhecida: antiVGKCc e antiGAD65 em altos títulos;
- Pródromo viral;
- Disfunção autonômica;
- Alterações neuropsiquiátricas;
- Distonia faciobraquial e discinesia facial;
- Esclerose mesial temporal em exame de RM;
- Melhor prognóstico;
- Melhor controle de crises convulsivas com uso de terapia imunomoduladora (metilprednisolona ou plasmaférese).
O score Antibody Prevalence in Epilepsy (APE) – figura – proposto a partir de dados de estudo retrospectivo do próprio autor, mostrou-se significativamente maior em pacientes com autoanticorpos.
O valor de corte, igual ou maior que quatro, apresentou sensibilidade de 82,6% e especificidade de 82,0%.
Mais da autora: ‘Cabeceira no AVE: subir ou não subir, eis a questão’
O score proposto é promissor, mas ainda querer adequada validação. Iniciativas voltadas a facilitar na identificação de pacientes com quadros encefalíticos autoimunes e que, principalmente, apontem pacientes capazes de se beneficiarem pela terapia imunomoduladora são necessárias diante de quadros graves cuja confirmação definitiva muitas vezes apresenta limitações técnicas, econômicas e temporais.
Referências:
- DUBEY, Divyanshu et al. Neurological Autoantibody Prevalence in Epilepsy of Unknown Etiology. Jama neurology, 2017.
- ______. The spectrum of autoimmune encephalopathies. Journal of neuroimmunology, v. 287, p. 93-97, 2015.
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