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Neurologia11 maio 2022

Enxaqueca e resultados perinatais adversos na gravidez

Estudo analisou pacientes nuliparas com antecedente de migrânea referida e sua associação com taxas maiores de efeitos adversos na gravidez.

Os quadros de enxaqueca acometem em torno de 28% de mulheres em idade fértil. Fisiopatologicamente, a migrânea cursa com processo inflamatório sistêmico, disfunção endotelial e aumento, portanto, de eventos tromboembólicos relacionados a gravidez.

Uma revisão sistemática publicada no Obstetrical Gynecological Survey em 2019 já estudou os efeitos adversos de pacientes com migrânea relacionados à origem placentária, incluindo Doenças Hipertensivas e parto prematuro.

Leia também: Migrânea: como identificar e tratar?

Enxaqueca e resultados perinatais adversos na gravidez

Análise recente

No American Journal of Obstetrics and Gynecology do último 30 de abril de 2022 foi publicado um estudo para testar a hipótese de estudo em pacientes nuliparas com antecedente de migrânea referida e sua associação com taxas maiores de efeitos adversos na gravidez.

O estudo nuMOM2b (Nulliparous Pregnancy Outcomes Study Monitoring Mothers-to-be — estudo de monitoramento gestacional de nulíparas que desejam ser mães) envolveu 10.038 mulheres americanas com gestações únicas em seguimento desde a gravidez precoce até o parto. Incluíram-se mulheres no primeiro trimestre com história de migrânea. Definiu-se como Desfecho Gestacional Adverso ≥ 1 se algum dos seguintes eventos estiverem presentes:

  • hipertensão gestacional;
  • pré-eclâmpsia/eclâmpsia;
  • parto pré-termo;
  • pequeno para idade gestacional (feto ao nascimento);
  • natimorto.

Os antecedentes patológicos como hipertensão, obesidade, tabagismo e outras comorbidades foram comparados entre participantes do estudo que tinham ou não migrânea.

Achados

Concluíram o estudo 9.450 pacientes com 19,1% (1752) queixando-se de migrânea desde a primeira visita ao pré-natal. Após ajuste de todos os fatores que diferiram para p< 0,1 em análises univariáveis, as participantes com migrânea apresentaram taxas maiores de desfechos adversos gestacionais (OR ajustada 1,26, 95% IC; 1,12-1,41). Essas pacientes com migrânea também referiram proporcionalmente maior proporção de tabagismo recente, doenças autoimunes e doenças renais crônicas.

Saiba mais: Migrânea com aura: lamotrigina pode ser uma alternativa eficaz na profilaxia?

Olhando para os desfechos individualmente, as participantes evoluíram com chances maiores de doenças hipertensivas e partos prematuros. Os desfechos com atenção a natimortos e pequenos para idade gestacional não apresentaram prevalência relevante.

“Os quadros de migrânea podem então estar subrreconhecidos como fatores de risco para efeitos adversos gestacionais”, finalizam os autores.

Autoria

Foto de João Marcelo Martins Coluna

João Marcelo Martins Coluna

Médico Ginecologista e Obstetra formado pela Universidade Estadual de Londrina • Mestrado em Fisiopatologia pela Unoeste (Universidade Oeste Paulista) • Docente da Unoeste (Presidente Prudente) - departamento materno infantil • Preceptor Residência Médica Hospital Regional Presidente Prudente - SP • Plantonista Ginecologia e Obstetrícia Hospital Regional Presidente Prudente • Plantonista Ginecologia e Obstetrícia Hospital Estadual Dr. Odilo Antunes Siqueira (Presidente Prudente - SP) • Plantonista Ginecologia e Obstetrícia Santa Casa de Misericórdia de Adamantina Plantonista Socorrista Santa Casa de Misericórdia Presidente Prudente • Médico Regulador ambulatorial município de Dracena - SP • Médico Preceptor ambulatorial UNIFADRA (Dracena - SP) • Ginecologista do serviço ambulatorial de Narandiba (SP) • Ginecologista e Obstetra do serviço ambulatorial de Pirapozinho (SP).

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Referências bibliográficas

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