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Neurologia1 setembro 2022

Como infecções prévias se manifestam em pacientes com Síndrome de Guillain-Barré?

A síndrome de Guillain-Barré é uma doença inflamatória do SNP com incidência de aproximadamente 1-2 por 100.000 pessoas-ano.

Na primeira avaliação de infecções prévias à síndrome de Guillain-Barré (SGB) do International Guillain-Barré Syndrome Outcome Study (IGOS), os pesquisadores avaliaram se havia uma relevante associação entre o tipo de infecção prévia e a apresentação clínica e o subtipo eletrofisiológico da SGB. O estudo foi publicado na edição online de agosto de 2022 na revista Neurology.

O trabalho incluiu os primeiros 1 mil pacientes do estudo IGOS, um grande estudo internacional em andamento envolvendo 54 hospitais em 18 países em cinco continentes, feito para avançar no conhecimento da SGB, identificando seus determinantes clínicos, biológicos e preditores do curso da doença.

Leia também: Dez passos para o diagnóstico e tratamento da síndrome de Guillain-Barré

Como infecções prévias se manifestam em pacientes com Síndrome de Guillain-Barré

Métodos

Nesta primeira avaliação de infecções prévias à SGB utilizando os dados do IGOS, os autores analisaram a presença de infecção recente em 768 dos 1 mil pacientes com SGB (232 pacientes desistiram do estudo). Foram testados anticorpos para cinco organismos diferentes: Campylobacter jejuni, Mycoplasma pneumoniae, vírus da hepatite E, citomegalovírus e vírus Epstein-Barr. Os dados foram obtidos de 2012 a 2015.

Resultados

O estudo demonstrou que 41% dos pacientes tiveram uma infecção prévia (ou múltiplas infecções): C. jejuni foi a mais comum (30%), seguido por M. pneumoniae (10%), citomegalovírus (4%), vírus da hepatite E (3%), e vírus Epstein-Barr (1%).

As proporções dessas infecções foram semelhantes em todas as áreas geográficas; entretanto, a associação entre o tipo de infecção prévia e o fenótipo clínico diferiu. As formas sensitivo-motoras e desmielinizantes foram mais frequentes em todos os tipos de infecções, mas foram significativamente maiores em pacientes com citomegalovírus do que em outros pacientes e significativamente menores em pacientes com infecção por Campylobacter jejuni.

Por outro lado, os pacientes com infecção por Campylobacter jejuni tiveram quadros mais graves e levaram mais tempo para recuperar suas funções motoras de forma independente. Em todos os pacientes com infecção por Campylobacter jejuni, a forma motora e axonal pura foi significativamente mais frequente em pacientes de países asiáticos (incluindo Bangladesh) do que aqueles da Europa ou América. Em pacientes com infecção por citomegalovírus, o tempo para atingir a maior fraqueza (nadir) da SGB foi mais longo em comparação com as outras infecções.

Saiba mais: Variante delta, síndrome de Guillain-Barré pós-vacinação e muito mais: confira o top 10 de agosto [infográfico]

Considerações e mensagem prática

Segundo os autores, as informações sobre o tipo de infecção prévia não têm influência no diagnóstico ou tratamento atual da SGB, mas podem ser úteis por vários motivos: para pacientes que desejam saber qual infecção pode ter desencadeado sua doença, para investigações sobre a relação entre vacinações e SGB, para futuros tratamentos, uma vez que a patogênese depende do tipo de infecção e para futuros trabalhos sobre a possível prevenção, como por exemplo, estudos da Nova Zelândia evidenciando que medidas preventivas para Campylobacter jejuni reduziram a taxa de incidência da SGB.

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Referências bibliográficas

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