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Neurologia7 dezembro 2022

Caminhar pode reduzir o risco de demências, indica estudo

Estudo britânico de coorte prospectivo analisou o impacto de passos diários na redução da incidência de demências em idosos. Conheça!

Por Danielle Calil

Optar por dar um maior número de passos diariamente está relacionado a redução de risco de mortalidade cardiovascular e redução na incidência de diabetes. A atividade física, a partir da contagem de passos ao longo de um dia, tem sido uma abordagem popular para prover alvos em saúde para a população em geral.  

A JAMA Neurology publicou recentemente um artigo que se propõe a estudar a associação de dose-resposta entre contagem de passos diários e de sua intensidade com a incidência de causas de demência em uma grande amostra de adultos no Reino Unido que utilizaram acelerômetros em punho. 

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mão de paciente idosa com demência

Como foi o estudo? 

Ele tinha como objetivo examinar a associação de dose-resposta entre contagem de passos diários e de sua intensidade com a incidência de causas de demência entre adultos do Reino Unido. 

Métodos 

Estudo de coorte prospectivo baseado em população proveniente do UK Biobank. A população estudada foi avaliada através de dados do UK Biobank entre fevereiro 2013 e dezembro 2015. Foram obtidos 236.519 participantes elegíveis que proveram endereço telefônico válido.  

Ao todo, 103.684 participantes aceitaram o convite à pesquisa e instruídos a utilizar o acelerômetro Axivity AX3 no punho dominante 24 horas por dia e sete dias por semana para aferir a atividade física. O uso desse dispositivo possibilitou contagem de passos incidentais (< 40 passos por minuto), passos propositais (> 40 passos por minuto) e pico de cadência em 30 minutos. 

Um total de 78.430 participantes, entre 40 e 79 anos, com pelo menos três dias válidos (mais de 16 horas de uso), com dados completos de variáveis e que não apresentavam morbidades no baseline de doenças cardiovasculares, neoplasias e demência foram incluídos na análise. 

Tais participantes foram monitorados a partir de outubro de 2021 com avaliação de incidência de demência (fatal ou não) obtida através de registros de atenção básica, internação hospitalar ou certificações de óbito. A análise estatística para avaliar associações de dose resposta foi realizada através de regressão de Cox. 

Resultados 

Entre os 78.430 participantes analisados no estudo, a idade mediana foi entre 61,1 anos, sendo 44,7% homens e 55,3% mulheres. O tempo mediano de follow up foi em torno de 6,9 anos, sendo que 866 participantes desenvolveram demência, com idade em torno de 68,3 anos e 55,4% homens e 54,6% mulheres. 

Foi observado que indivíduos mais jovens, saudáveis (considerados como baixas taxas de consumo de álcool e tabaco e maior consumo de frutas/vegetais) apresentaram maior número de passos na amostra desse estudo. 

A análise revelou associações não-lineares de passos diários com o desfecho de incidência de demência. A dose considerada como “ótima” girou em torno de 9826 passos (HR 0.49, IC95% 0.39-0.62) enquanto a dose mínima ficou em torno de 3826 passos (HR 0.75, IC95% 0.67-0.83). 

Discussão

O resultado desse estudo apresenta implicações para saúde pública. Os achados dessa publicação sugerem que 9.800 passos diários são considerados como a “dose ótima” para reduzir o risco de demência. 

A dose mínima de passos diários apresentou resultado interessante para a prática clínica diária. A dose mínima de 3.800 passos diários apresentou associação com redução de 25% na incidência de demência. 

Um ponto positivo para esse estudo é o seu tamanho amostral.  Por outro lado, um dado limitante é que foi um estudo observacional com baixa taxa de resposta dos participantes do UK Biobank (em torno de 5,5%) o que poderia indicar uma baixa representatividade – embora estudos prévios já demonstraram que essa baixa taxa de resposta não necessariamente influencie em associações entre atividade física e desfechos em saúde. 

Mensagem prática 

A contagem de passos apresentou associação com redução na incidência de demência. É uma recomendação de fácil comunicação e interpretação para os pacientes na prática clínica.

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Referências bibliográficas

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