Biomarcadores sanguíneos para detectar a doença de Alzheimer
O diagnóstico da doença de Alzheimer (DA) perpassa pela avaliação clínica, suspeição diagnóstica, exclusão de diagnósticos diferenciais e estudos complementares de neuroimagem e laboratoriais. O diagnóstico final, confirmatório, é feito através de estudo evidenciando a neuropatologia do Alzheimer, por exemplo, através de análise de líquido cefalorraquidiano, dosando proteínas como beta-amiloide e proteína tau, relacionadas à cascata fisiopatológica da doença.
Existe uma demanda cada vez maior em refinar a acurácia diagnóstica da doença de Alzheimer, através de testes de maior facilidade de realização e disponibilidade, mediante o surgimento de pesquisas objetivando terapias modificadoras de doença. Assim, Palmqvist et al, realizaram o estudo de coorte discutido abaixo, incluindo pacientes da Suécia, no intuito de avaliar a acurácia e aplicabilidade de testes sanguíneos para diagnóstico de DA, em diferentes contextos de atenção à saúde, primária e secundária.
Relevância do tema
Melhorar a acurácia e disponibilidade de testes confirmatórios para DA, a fim de direcionar os pacientes para terapias adequadas, de forma precoce.
Métodos do estudo
O estudo foi composto por pacientes com sintomas cognitivos (comprometimento subjetivo, comprometimento cognitivo leve e demência), divididos em duas coortes: pacientes em atenção primária e secundária. Foi utilizado valor de corte para os biomarcadores, obtidos por coorte independente. Nas duas coortes foi coletada amostra de sangue para análise única (primária e secundária) e outra coleta para seguimento em até 02 semanas (primária e secundária), perfazendo assim 4 coortes. Foram dosadas substâncias referentes à patologia do Alzheimer, como a p-tau217, isolada ou combinada com beta-amiloide (Aβ42:Aβ40), através do escore APS2.
Resultados
O estudo evidenciou, na amostra analisada, que tanto a dosagem de p-tau 217 isolada, quanto combinada a análise da proporção beta-amiloide 42:40, vista pelo escore APS2, apresentaram precisão diagnóstica variando de 88-92% nas coortes. Esse valor foi superior a análise clínica pré-teste feita por médicos em atenção primária e em atenção secundária (especialistas).
Leia também: FDA aprova donanemab, droga modificadora para doença de Alzheimer
Mensagens práticas: biomarcadores para doença de Alzheimer
Apesar de terem mostrado alta acurácia diagnóstica, esses testes carecem de padronização em estudos multicêntricos, incluindo na nossa população brasileira. Outro ponto a ser destacado é que exames complementares necessitam ter sua indicação pautada em uma boa avaliação clínica e suspeita diagnóstica, para evitar erros em interpretação de resultados e consequências relacionadas. Por fim, existe a expectativa quanto ao impacto que a disponibilidade desses testes trará para a nossa prática no Brasil.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.