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Neurologia8 abril 2025

AAN 2025: Novas pesquisas em doença de Alzheimer

Um dos estudos apresentados avaliou o desempenho de biomarcadores plasmáticos emergentes da doença de Alzheimer (DA) em uma clínica especializada em memória. 
Por Danielle Calil

A doença de Alzheimer (DA) é a demência neurodegenerativa mais prevalente no mundo, sendo estimada em 60-80% dos casos de demência. 

O Annual Meeting da American Academy of Neurology de 2025, que está acontecendo em San Diego, reserva uma mesa para apresentação de trabalhos orais recentes realizados em doença de Alzheimer. 

Desempenho de biomarcadores plasmáticos da doença de Alzheimer em uma clínica especializada em memória

Esse trabalho foi apresentado pela Dr Yoav Piura, da Mayo Clinic.

A premissa desse estudo advém dos biomarcadores plasmáticas de Aβ42/40 e pTau217 representarem alternativas promissoras e acessíveis às métricas “padrão ouro” de amiloidose cerebral em coortes de pesquisa; no entanto, seu desempenho em coortes clínicas heterogêneas ainda não foi estabelecido. 

O objetivo foi avaliar o desempenho de biomarcadores plasmáticos emergentes da doença de Alzheimer (DA) em uma clínica especializada em memória. 

O estudo, portanto, foi avaliar as concentrações plasmáticas de Aβ42/40 e pTau217 (Fujirebio Lumipulse) em pacientes avaliados em uma clínica de memória terciária. Os diagnósticos sindrômicos e etiológicos foram estabelecidos por consenso de especialistas, integrando dados clínicos e achados de ressonância magnética (n=484), FDG-PET (n=117) e biomarcadores de DA no LCR (n=440). O desempenho dos biomarcadores plasmáticos foi avaliado usando pontos de corte pré-estabelecidos otimizados para predição de patologia amiloide com base em PET-amiloide. 

Quanto aos resultados, os biomarcadores plasmáticos de DA foram medidos em 509 pacientes (média de 68,6±9,3 anos; 47% mulheres; 91,3% brancos não hispânicos), incluindo pacientes com DA amnésica típica (n=235, 46,2%), apresentações não amnésicas de DA (n=50, 9,8%) e causas não-DA de preocupações cognitivas (n=224, 44,0%).  

Ao utilizar modelo de 2 pontos de corte para classificar os resultados como positivos, negativos ou intermediários; a sensibilidade, especificidade e valores preditivos positivos e negativos para o plasma pTau217 foram, respectivamente, 95%, 85%, 87% e 92% quando comparados ao diagnóstico de DA e 93%, 91%, 94% e 87% quando comparados aos biomarcadores de DA no LCR. Por outro lado, ao realizar esse mesmo modelo para Aβ42/40 plasmático, a sensibilidade foi apenas de 29% para detecção de DA. 

Portanto, o plasma ptau217, mas não AB42/40, foi fortemente associado a diagnósticos sintomáticos de DA e biomarcadores de DA no LCR. Essas descobertas apoiam o uso do plasma ptau217 em coortes clínicas heterogêneas, incluindo pacientes com múltiplas causas comuns de demência. 

Associações entre multimorbidade cardiometabólica e biomarcadores do líquido cefalorraquidiano da patologia da doença de Alzheimer em adultos cognitivamente intactos: o estudo CABLE 

Esse trabalho foi apresentado pela Dra Qiongyao Li, da Qingdao University.

O objetivo da pesquisa foi avaliar as associações de multimorbidade cardiometabólica com biomarcadores liquóricos de patologia DA para melhorar a compreensão dos mecanismos subjacentes que ligam a multimorbidade cardiometabólica e a DA. 

Este estudo incluiu 1.464 participantes cognitivamente intactos do banco de dados chinês Alzheimer’s Biomarker and Lifestyle (CABLE).  

Com base no status de doenças cardiometabólicas (DMC; ex. HAS, DM, doenças cardíacas ou AVC), os participantes foram categorizados como livres de DMC, DMC única ou multimorbidade de DMC. A multimorbidade de DMC é definida como a coexistência de ≥ 2 DMCs. As associações de multimorbidade cardiometabólica e biomarcadores do LCR foram examinadas usando modelos de regressão linear multivariável com características demográficas, o alelo APOE ε4 e fatores de estilo de vida como covariáveis.  

Quanto aos resultados, a amostra apresentou idade média de 61,8 anos. Os marcadores de patologia tau fosforilada (CSF P-tau181: β=0,165, p=0.037) e lesão neuronal (CSF T-tau: β=0,065, p=0.033) foram significativamente aumentados em indivíduos com multimorbidade de DMC (versus sem DMC), mas não quando comparados àqueles com DMC única. A associação entre multimorbidade de DMC com níveis de T-tau de CSF permaneceu significativa após o controle dos níveis de Aβ42.  

Portanto, esse estudo demonstrou que a presença de multimorbidade cardiometabólica foi associada à fosforilação de tau e lesão neuronal em populações cognitivamente normais. A multimorbidade de DMC pode ser um alvo independente potencial para aliviar patologias relacionadas à tau que podem causar comprometimento cognitivo. 

Comentários finais 

Essas pesquisas ressaltam a importância de estudos inovadores na área de demências, especialmente na doença de Alzheimer, visando aprimorar o diagnóstico precoce e desenvolver estratégias preventivas e terapêuticas mais eficazes. 

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