A gota é uma doença crônica que atinge cerca de 2% da população adulta, com predileção a indivíduos do sexo masculino a partir da 5ª década de vida. Ela é causada pelo acúmulo de cristais de ácido úrico (urato monossódico em pH fisiológico) em vários tecidos, notadamente, mas não exclusivamente, nas articulações.
Esse depósito, ao longo do tempo, pode levar a uma intensa inflamação local, manifestando-se como artrite dolorosa e, eventualmente, incapacitante e destrutiva.
Ácido úrico
O ácido úrico – substância intimamente relacionada à fisiopatogenia da gota – é um ácido orgânico fraco considerado como um produto final do catabolismo das purinas, que são bases nitrogenadas (principalmente a adenina e guanina) envolvidas na formação dos ácidos nucleicos.
Em linhas gerais, a distribuição média normal das concentrações séricas de ácido úrico em indivíduos saudáveis varia de 3,4 a 7,0 mg/dL. A hiperuricemia é definida como os níveis séricos de urato que ultrapassam a sua solubilidade em níveis fisiológicos de pH, sódio e temperatura, concentração limite essa que é de 6,8 mg/dL.
Todavia, nas articulações das extremidades – frequentemente afetadas pela gota – a temperatura local é menor, fazendo com que seu limite de solubilidade seja ainda mais baixo.
Recomendação da SBPC/ML e da SBR
Em uma recente diretriz conjunta, a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) e a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) recomendaram, com base em evidências científicas atuais, um novo limite sérico para o ácido úrico em pacientes em tratamento para gota, que ficou estabelecido como abaixo de 6,0 mg/dL.
Com o objetivo de reforçar a importância da manutenção de baixos níveis de urato nesse contexto, as Sociedades sugeriram nesse consenso que os Laboratórios Clínicos incluam a seguinte nota, fixada em todos os laudos dos exames de ácido úrico: “Em pacientes em tratamento para gota, recomenda-se níveis séricos de ácido úrico abaixo de 6 mg/dL.”
Mensagem final
A fisiopatogenia da gota está profundamente relacionada ao aumento das concentrações de ácido úrico no sangue (hiperuricemia). Seu adequado controle passa por mudanças do estilo de vida e pelo uso de medicamentos hipouricemiantes.
A nova diretriz, ao recomendar e estabelecer uma meta clara – e descrita nos laudos – dos níveis de ácido úrico considerados ideais durante o tratamento, serve como uma referência aos médicos e pacientes, contribuindo para um melhor manejo e acompanhamento terapêutico da gota.
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