Coronavírus é um vírus com material genético RNA, pertencente a uma família viral que pode causar sintomas e infecções do trato respiratório superior e inferior. De maneira geral, eles infectam apenas uma espécie animal, porém em alguns casos, como o 2019-nCoV, podem infectar pessoas e animais.
Por meio de um grande esforço internacional entre laboratórios de pesquisa públicos e privados, foi desenvolvida rapidamente uma técnica molecular precisa para a identificação desse novo coronavírus, por meio da reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR).
A fim de se evitar recoletas desnecessárias, contaminação da amostra, e, por conseguinte, atraso na liberação do resultado, alguns procedimentos pré-analíticos específicos devem ser adotados.
Coronavírus: quais os fluídos biológicos que podem ser utilizados?
Tanto espécimens do trato respiratório superior (secreção naso e orofaríngea; aspirado/lavado nasofaríngeo; aspirado nasal) bem como as do trato inferior (escarro; lavado broncoalveolar; aspirado traqueal), podem ser empregados. Sua escolha dependerá dos recursos disponíveis e do estado clínico do paciente.
Orientações gerais: É obrigatório o uso de equipamentos de proteção individual (EPI), tais como luvas, capotes, máscaras, gorros, dispositivo para proteção ocular, etc. Deve-se rotular/identificar os frascos com os dados do paciente e demais informações necessárias para sua rastreabilidade. O jejum não é obrigatório.
Secreção nasofaríngea: Não utilizar swab com hastes de madeira ou que contenham alginato de cálcio. Com o paciente com a cabeça para trás, delicadamente introduzir o swab com movimentos rotatórios em uma narina, margeando o palato, até atingir a resistência da parede posterior da nasofaringe, deixando-o absorver as secreções por alguns segundos. Com outro swab, repetir o procedimento na outra narina. Logo em seguida, colocá-los no mesmo frasco estéril contendo 2 a 3 mL de meio de transporte para vírus.
Secreção orofaríngea: Não utilizar swab com hastes de madeira ou que contenham alginato de cálcio. Com o paciente de boca aberta, utilizando um abaixador de língua e um foco de luz para auxílio, introduzir o swab até a faringe posterior, evitando-se tocar na úvula e nas amígdalas. Logo em seguida, colocá-lo em outro frasco estéril (diferente do utilizado para a nasofaringe) contendo 2 a 3 mL de meio de transporte para vírus.
Observação: Atentar para a necessidade de se coletar combinadamente em ambas as regiões (naso e orofaringe), em duplicata.
Aspirado/lavado nasofaríngeo, lavado broncoalveolar, ou aspirado traqueal: Coletar 2 a 3 mL do material em recipiente estéril com tampa.
Escarro: Solicitar ao paciente para expectorar a secreção obtida por meio de uma tosse profunda, coletando de 2 a 3 mL do material em frasco estéril com tampa.
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Armazenamento e transporte
O material pode ser armazenado até o seu processamento por até 72 horas após a coleta, se mantido resfriado a 4 ºC. Se houver suspeita que sua chegada ao laboratório de apoio/referência se estenda por mais de 72 horas, o material pode ser congelado a -70 ºC ou menos.
Os critérios de rejeição das amostras pelos laboratórios podem variar, mas de maneira geral, espécimens de outros fluídos biológicos não recomendados, de volume insuficiente, identificados de maneira incorreta e armazenados em temperatura inadequada, podem não ser aceitos, devendo assim serem recoletados sob condições pré-analíticas adequadas.
Seu transporte deve ser realizado em recipiente apropriado (caixas térmicas de material impermeável e higienizável), contendo gelo reciclável para as amostras refrigeradas, e gelo seco para as congeladas. Deverá ser sinalizado na parte externa do recipiente, o código padronizado UN 3373 (substâncias infecciosas categoria B). O fluxo de envio, e os laboratórios de referência credenciados, estão sendo definidos pelo Ministério da Saúde em conjunto com as Secretarias Estaduais de Saúde.
Referências bibliográficas:
- Corman VM et al. Detection of 2019 novel coronavirus (2019-nCoV) by real-time RT-PCR. Euro Surveill. 2020;25(3):pii=2000045. https://doi.org/10.2807/1560-7917.ES.2020.25.3.2000045
- https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-nCoV/lab/guidelines-clinical-specimens.html
- https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/lab/lab-biosafety-guidelines.html?CDC_AA_refVal=https%3A%2F%2Fwww.cdc.gov%2Fcoronavirus%2F2019-ncov%2Flab-biosafety-guidelines.html
- https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/lab/rt-pcr-detection-instructions.html
- https://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/coronavirus
- SBPC/ML. Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML): coleta e preparo da amostra biológica. Barueri: Minha Editora; 2014.
- World Health Organization (WHO). Coronavirus. Geneva: WHO; 2020 [Acessado em 08 Mar 2020]. Disponível em: https://www.who.int/health-topics/coronavirus
- Zhang Y-Z. Novel 2019 coronavirus genome. Virological. [Acessado em 08 Mar 2020]. Disponível em: http://virological.org/t/novel-2019-coronavirus-genome/319
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