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Medicina Laboratorial9 janeiro 2023

Conheça as três fases dos exames laboratoriais

É imprescindível o conhecimento das fases dos exames laboratoriais, e as possíveis não conformidades relacionadas a cada uma delas.

Como sabemos, os resultados dos exames laboratoriais são de fundamental importância para a prática médica diária, em todos os níveis de atenção à saúde. Estima-se que por volta de 70% das decisões e diagnósticos médicos são realizados tomando-se como base os exames complementares. Resultados laboratoriais incorretos podem causar sérios danos ao paciente e à saúde pública em geral, na medida em que levam a diagnósticos e condutas médicas equivocadas. 

Diante desse cenário, mostra-se imprescindível o conhecimento das fases dos exames laboratoriais, e as possíveis não conformidades em cada uma delas. Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o erro laboratorial pode ser definido como a “falha de uma ação planejada que não se completou como foi proposta, ou o uso de um plano incorreto para alcançar uma meta, que pode ocorrer em qualquer parte do ciclo do laboratório (desde o pedido da análise até o laudo de resultado e sua interpretação e a reação aos erros”. 

Leia também: Qual a importância da ordem correta na coleta de exames laboratoriais?

As etapas dos exames laboratoriais podem ser divididas em três grandes categorias: a fase pré-analítica, a analítica e a pós-analítica. 

A primeira delas, a fase pré-analítica (que engloba desde a indicação pré-teste, passando pela solicitação/requisição do exame, orientação ao paciente, coleta da amostra biológica, sequência de tubos, identificação, triagem, acondicionamento, transporte, até a entrada do material para a análise em si), vem sendo objeto de bastante atenção por parte do Laboratórios Clínicos, já que atualmente é a fase onde se concentra cerca de 70% de todos os erros de laboratório. 

Além de algumas etapas não serem de influência direta do Laboratório Clínico, outras dificuldades como a dependência de procedimentos muito manuais, o baixo nível de compreensão de alguns pacientes, o grande volume de atendimentos, a alta rotatividade de funcionários e a falta de treinamento e conscientização dos mesmos, contribuem para esse elevado índice de não conformidades. As principais e potenciais inadequações dessa fase são:

  • Raciocínio clínico e solicitação equivocada do médico; 
  • Escrita ilegível ou abreviações grosseiras; 
  • Falta de indicação médica; 
  • Interpretação e cadastro errado no SIL (Sistema de Informação Laboratorial) dos exames solicitados; 
  • Perda da solicitação médica;
  • Falta de orientação de coleta ou preparo incorreto do paciente; 
  • Possíveis interferências devido ao uso de drogas de abuso e de medicamentos; 
  • Não observância da influência do ritmo biológico; 
  • Erro na identificação do paciente; 
  • Garroteamento prolongado; 
  • Troca dos tubos de coleta; 
  • Coleta da amostra inadequada; 
  • Coleta em tubo equivocado ou na sequência incorreta; 
  • Amostra coletada em membro com rota de infusão intravenosa; 
  • Tubo sem material ou com volume insuficiente; 
  • Proporção inadequada entre sangue e anticoagulante; 
  • Hemólise, icterícia e/ou lipemia; 
  • Processo de centrifugação equivocado; 
  • Acondicionamento fora da temperatura recomendada; 
  • Transporte inadequado do material; 
  • Extravio ou contaminação do frasco. 

Com o avanço da tecnologia das plataformas analíticas, dos kits diagnósticos, dos programas de controle da qualidade (internos e externos) das análises, da informatização e da automação dos processos, os erros laboratoriais da fase analítica, isto é, àquela que se refere a etapa de execução do exame propriamente dita, foram bastante reduzidos. Os erros mais comuns dessa etapa incluem:

  • Falha na calibração e manutenção de equipamentos; 
  • Variações na corrente elétrica; 
  • Água reagente fora das especificações técnicas; 
  • Erros na diluição de calibradores e controles; 
  • Insumos/kits diagnósticos mal acondicionados e/ou degradados; 
  • Aspiração de bolhas de ar, microcoágulos ou fibrina pela agulha do equipamento; 
  • Interferentes em geral; 
  • Estabilidade da amostra prejudicada; 
  • Temperatura ambiente ou a de reação analítica inadequados; 
  • Erros em cálculos e em diluições da amostra. 

Completando o ciclo, os exames de laboratório chegam a última etapa, a fase pós-analítica. Posteriormente à execução e análise laboratorial em si – momento em que cessa a fase analítica – o resultado final é extraído do sistema de forma manual (transcrita) ou informatizada (“interfaceada”), passando por uma assinatura de um profissional de nível superior do Laboratório Clínico, sendo o laudo então confeccionado e, posteriormente, interpretado pelo médico solicitante. As principais não conformidades desse processo englobam:

  • Laudos incompletos; 
  • Resultados ilegíveis; 
  • Transcrição inadequada dos resultados;
  • Falhas na impressão e/ou transmissão do laudo; 
  • Unidades de medidas erradas; 
  • Problemas nos valores de referência; 
  • Interpretação equivocada dos resultados.

Mensagem final 

Os laboratórios clínicos devem ser capazes de ter o controle dos processos, com a implementação de indicadores da qualidade e rastreabilidade de todo o ciclo, mitigando assim as chances de erros.  

Nas situações em que os resultados se apresentarem inesperadamente alterados, incompatíveis com a clínica, levando a uma suspeita de não conformidade em alguma etapa do processo, o médico assistente deverá sempre entrar em contato com o Laboratório Clínico, para que juntos possam esclarecer eventuais dúvidas, iniciar uma investigação, chegando a uma resposta e conclusão adequada.

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Referências bibliográficas

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