Durante o segundo dia do 57° Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (CBPC/ML), ocorreu um simpósio com temas relacionados à Doença Hepática Esteatótica Associada à Disfunção Metabólica (MASLD), anteriormente chamada de Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (NAFLD), considerada atualmente a causa mais comum de doença hepática crônica no mundo.
Fibrose hepática e MASLD
Tanto o risco de eventos hepáticos/extra-hepáticos ou de morte por causas hepáticas ou gerais em pacientes com MASLD estão diretamente relacionados à presença de fibrose hepática, notadamente, mas não exclusivamente, em graus avançados dessa condição, sendo um importante fator prognóstico.
Em uma das apresentações do simpósio, sob o tema “FIB-4: Um exame simples para um problema complexo”, a Dra. Nathalie Carvalho Leite detalhou como o escore FIB-4 pode auxiliar na triagem de fibrose hepática nessa população.
Escore Fibrosis-4 (FIB-4)
É um escore não invasivo, que foi descrito pela primeira vez em 2006 para avaliação de fibrose hepática em pacientes com coinfecção pelo HIV/hepatite C (HCV), e posteriormente validado para estratificação nos indivíduos com doença gordurosa hepática.
Ele é calculado utilizando dados simples, com base na idade (anos), nas concentrações séricas de AST/TGO (U/L), ALT/TGP (U/L) e na contagem de plaquetas (109/L), pela seguinte fórmula:
(Idade x AST) / (Plaquetas x √ ALT)
Intervalos de referência
- Inferior a 1,3: Baixo risco de fibrose avançada ou cirrose;
- 1,3 a 2,67: Intermediário risco de fibrose avançada ou cirrose;
- Superior a 2,67: Alto risco de fibrose avançada ou cirrose.
Observação: Considerar valores inferiores a 2,0 como baixo risco para fibrose ou cirrose em pacientes com idade superior a 65 anos.
Limitações
- Quando utilizado isoladamente, o escore FIB-4 tende superestimar o risco de fibrose hepática, especialmente em locais com baixa prevalência;
- Utlizar com cautela em pacientes com sobrepeso/obesidade;
- Outras situações que afetem a plaquetometria podem prejudicar a interpretação dos resultados;
- Em pacientes com hepatopatia alcoólica, a utilização do escore pode superestimar o risco de fibrose hepática.
Mensagem final
A MASLD, definida como a presença de esteatose em mais de 5% dos hepatócitos (na ausência do uso excessivo de álcool ou de outras doenças hepáticas crônicas), está intimamente relacionada à síndrome metabólica e seus fatores de risco, sendo considerada uma disfunção metabólica sistêmica.
Por seu baixo custo, simplicidade e aplicabilidade, o escore FIB-4, quando bem indicado e interpretado, pode contribuir na triagem de fibrose hepática em pacientes com MASLD.
Autoria

Pedro Serrão Morales
Editor de Medicina Laboratorial da Afya • Graduação em Medicina pela Universidade Gama Filho (UGF) • Residência Médica em Patologia Clínica/Medicina Laboratorial pela Universidade Federal Fluminense (UFF) • Membro titular da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) • Pós-Graduado em Medicina do Trabalho pela Faculdade Souza Marques (FTESM) • Responsável Técnico do Laboratório Morales (Grupo Tommasi) • Médico Patologista Clínico do Laboratório Central do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP/UFF) • Médico do corpo clínico do Instituto Estadual de Doenças do Tórax Ary Parreiras (IETAP).
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