Essa semana no Portal da PEBMED debatemos sobre a decisão de anticoagular ou não o tromboembolismo pulmonar segmentar. Por isso, em nossa publicação semanal de conteúdos compartilhados do Whitebook Clinical Decision, falaremos sobre a abordagem terapêutica para o TEP.
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O primeiro passo no tratamento do tromboembolismo pulmonar é a estabilização clínica dos quadros graves e internação segundo estratificação do risco.
- Pacientes de baixo risco: Pacientes de baixo risco pelo escore prognóstico PESI são candidatos a tratamento domiciliar com anticoagulação oral e acompanhamento ambulatorial. Opções de anticoagulação oral:
Rivaroxabana 15 mg VO de 12/12 horas por 3 semanas, seguido de 20 mg 1x/dia por pelo menos 3 a 6 meses;
Apixabana 10 mg VO de 12/12 horas por 7 dias, seguido de 5 mg VO de 12/12 horas por pelo menos 3 a 6 meses.
Pacientes de médio e alto risco: Nestes casos, o tratamento tem como base duas estratégias terapêuticas complementares: a anticoagulação e a trombólise, sendo esta última indicada nos casos graves com instabilidade hemodinâmica e/ou disfunção do VD grave.
Anticoagulação Parenteral:
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- A preferência é pela heparina de baixo peso molecular (enoxaparina, dalteparina) nos casos de não alto risco, e pela heparina não-fracionada nos casos de alto risco (instabilidade hemodinâmica e candidatoa í trombólise). O início da anticoagulação está indicado em todos com diagnóstico firmado e ainda em casos de alta probabilidade, mesmo que aguardando confirmação diagnóstica.
- Contraindicações: Sangramento ativo; trombocitopenia; trauma importante; cirurgia recente; hipertensão grave;
- Enoxaparina 1,0 mg/kg SC de 12/12 horas;
- Dalteparina 200 U/kg SC 1x/dia;
- Heparina não-fracionada: 80 U/kg IV (dose de ataque) + 18 U/kg/hora (Monitorar PTTa 6/6 h, mantendo entre 1,5-2,3x valor de referência);
- Fondaparinux 7,5 mg SC 1x/dia (Peso 50-100 kg); 10 mg SC 1x/dia (Peso > 100 kg).
Anticoagulação pós-alta:
- Manter heparina por no mínimo 5 dias (considerar 10 dias para quadros graves), mantendo anticoagulação oral por no mínimo 3 meses (se causa reversível corrigida), ou por no mínimo 6 meses (se causa desconhecida), ou anticoagulação permanente (se casos recorrentes ou fator de risco permanente). Vale destacar que, naqueles que farão anticoagulação oral com varfarina, o início da anticoagulação oral deve ser feito durante a internação, com alta hospitalar apenas após monitorização do INR em duas dosagens consecutivas dentro do alvo (2,0-3,0):
- Varfarina 2,5-10 mg VO 1x/dia (avaliar dose conforme INR);
- Rivaroxabana 20 mg 1x/dia por pelo menos 3 a 6 meses;
- Apixabana 5 mg VO de 12/12 horas por pelo menos 3 a 6 meses.
Filtro de veia cava inferior: Tratamento alternativo í anticoagulação, indicado em:
- Pacientes com contraindicação ao uso de anticoagulantes e risco permanente de doença tromboembólica;
- Pacientes com embolia pulmonar recorrente a despeito de anticoagulação adequada;
- Deve-se considerar também (dados conflitantes na literatura): embolia séptica; pacientes com alto risco de recorrência de TEP; pacientes com trombo ileofemoral flutuante livre; pacientes terminais com histórico de tromboembolismo venoso.
Trombólise: A janela terapêutica do trombolítico é de até 14 dias, no entanto, sua eficácia é maior quando aplicado nas primeiras 72h. A terapia trombolítica está indicada nos seguintes casos:
- Instabilidade hemodinâmica;
- Déficit de perfusão em mais da metade da árvore arterial pulmonar (embolia pulmonar maciça);
- Falência de VD (indicação relativa – individualizar conduta).
Doses de trombolíticos recomendados:
- Alteplase (tPA) 100 mg IV em 2 horas;
- Estreptoquinase 250.000 U IV em 30 min + 100.000 U/hora durante 24 horas;
- Uroquinase 4400 U/Kg IV em 10 minutos, seguido de 4400 U/Kg/hora por 12 horas.
Contra-indicações absolutas aos trombolíticos:
- AVE isquêmico recente (últimos 3 meses);
- Qualquer sangramento intracraniano prévio;
- Dano ou neoplasia do sistema nervoso central;
- Traumatismo craniano importante nos últimos 3 meses;
- Sangramento ativo ou diátese hemorrágica;
- Malformação vascular intracraniana conhecida;
- Dissecção aórtica aguda;
- Discrasia sanguínea presente.
Contra-indicações relativas aos trombolíticos:
- AVE isquêmico há mais de 3 meses ou qualquer outra doença intracraniana;
- Gestação;
- Uso corrente de varfarina ou outros anticoagulantes;
- Sangramento recente < 2-4 semanas;
- Ressuscitação cardiopulmonar ou cirurgia de grande porte < 3 semanas;
- Hipertensão grave (> 180 x 110 mmHg);
- Punções não compressíveis;
- História de hipertensão crônica grave e descontrolada;
- Doença ulcerosa péptica em atividade;
- Uso prévio de estreptoquinase (apenas para estreptoquinase).
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