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Existem dois grandes grupos da doença inflamatória intestinal (DII): doença de Crohn (DC) e retocolite ulcerativa (RCU). A DC é uma doença transmural, cujos eventos principais são estenose e fístula. Apresenta-se de forma salteada da boca ao ânus, podendo acometer qualquer segmento e de forma não contínua. Já a RCU é uma doença progressiva de forma escalonada, inicia-se na região retossigmoidea e ascende. Sua inflamação é na mucosa, tem maior risco de sangramento, mas não perfura e não faz estenose.
O que o emergencista precisa saber sobre a doença inflamatória intestinal? Esse foi um dos temas do painel sobre doenças crônicas na emergência do ABRAMEDE 2018, com palestra de Carolina Frade Magalhães Girardin Pimentel Mota.
Doença inflamatória intestinal e suas intercorrências
Ambas as doenças apresentam características marcadas de atividade e remissão de doença. As atividades de doença motivam as várias visitas a serviços de emergência. Com o aumento do uso de imunobiológicos também tornou-se mais frequente internações por infecções oportunistas nestes pacientes. Nos EUA, observou-se um aumento de 50% na procura de serviços de emergência por pacientes com DII em oito anos. Pacientes com DC procuram mais o serviço de emergência, porém pacientes com RCU internam com mais frequência.
Possíveis síndrome clínicas de pacientes com DII na emergência:
– Abdome agudo/dor abdominal
– Dor lombar
– Anemia aguda
– Infecções
– Diarreia
– Olho vermelho
– Dor anal
– Alterações cutâneas
– Entre outros
Três dúvidas que o emergencista precisa esclarecer diante de um paciente com DII:
- O que estou vendo é atividade da doença?
- Existem manifestações intestinais isoladas ou há manifestações extraintestinais?
- Há relação entre as manifestações e a atividade de doença?
Doença de Crohn
Atividade da doença: diarreia + dor abdominal + sangramento; fadiga e perda de peso. Costuma vir acompanhada por distúrbios hidroeletrolíticos.
Principais complicações:
– Fístulas: bexiga (ITU, pneumatúria); retroperitoneais (abscesso de psoas, obstrução ureteral, dor); vaginais (gás e fezes na vagina); enterocutâneas;
– Abscessos: febre, dor abdominal e rigidez, peritonite.
– Doença perianal: fissuras, abscesso, fístulas;
– Obstrução: estenoses + inflamação local – náuseas, vômitos e distensão abdominal, ausência de eliminação de gases e fezes;
– Peritonite: microperfurações, apendicite. Manifesta-se por febre com calafrios, dor no quadrante superior direito, queda do estado geral.
Retocolite ulcerativa
Atividade da doença:
- Medidas iniciais: solicitar exames laboratoriais, excluir infecções intestinais (por Clostridium difficile), radiografia de abdome (para avaliar complicação com megacólon; manter dieta, reposição volêmica, corticoide VO, antibioticoterapia EV, profilaxia de TVP, suspender antiespasmódicos, transfusão de Hb para alvo de 8-10 mg/dL).
- Disenteria: diarreia com grande perda de sangue com sintomas progressivos de tenesmo e urgência fecal.
- Colite fulminante: atividade grave da doença.
- Megacólon tóxico: cólon > 6 cm ou Ceco > 9 cm. Potencialmente letal. Devem ser abordados rapidamente com descompressão do cólon.
- Manifestações extraintestinais: dor articular (artrite) principalmente em joelho e tornozelo. Está sim relacionada à atividade da doença; dor lombar; espondilite anquilosante; alterações dermatológicas (eritema nodoso, pioderma gangrenoso); alterações oculares (episclerite é a mais comum, uveíte é mais grave); colestase (colangite esclerosante primária: alta associação com RCU, aumentando o risco de neoplasia); dor abdominal (nefrolitíase, colelitíase – pois são pacientes predispostos à formação de cálculos).
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Entre os dias 25 e 28 de setembro, a Associação Brasileira de Medicina de Emergência (ABRAMEDE) promove em Fortaleza (CE) a 6ª edição do maior Congresso de Medicina de Emergência Adulto e Pediátrico da América Latina. O evento conta com workshops, cursos e palestras com os maiores especialistas da área. A PEBMED está em Fortaleza e vamos publicar aqui no Portal com exclusividade as principais novidades do evento.
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