Mas afinal, o que é hepatite medicamentosa? De acordo com o Whitebook Clinical Decision, trata-se de uma doença que ocorre no fígado (principal órgão envolvido no metabolismo e eliminação de substâncias tóxicas). A hepatotoxicidade, como também é conhecida, é uma lesão hepática causada por ingestão, inalação ou administração parenteral de agentes farmacológicos ou químicos.
A incidência da doença é estimada em 10-15 casos por 10.000-100.000 pessoas expostas a medicamentos. Responde por aproximadamente 10% dos casos de hepatite aguda, e é a principal causa de insuficiência hepática aguda. Mais de 1.100 medicamentos e fitoterápicos já foram associados à hepatite medicamentosa.
As drogas mais implicadas são paracetamol e amoxicilina + clavulanato. Estima-se que cerca de 16% dos casos de hepatite medicamentosa estejam associados ao uso de suplementos alimentares e ervas, especialmente as que visam ao emagrecimento. Esses casos são mais frequentes em mulheres jovens.
Apresentação clínica
A apresentação clínica varia de acordo com o perfil de lesão hepática: hepatocelular ou colestático.
Hepatocelular:
- Aumento predominante de aminotransferases;
- Pode haver aumento de bilirrubinas e disfunção hepática.
Colestático:
- Aumento predominante de fosfatase alcalina;
- Pode haver aumento de bilirrubinas e disfunção hepática.
Os pacientes podem apresentar desde sintomas leves ou alterações laboratoriais isoladas até quadros de insuficiência hepática aguda fulminante. Pode haver icterícia, colúria e prurido. Sintomas inespecíficos como anorexia, mal-estar, dor em hipocôndrio direito, náuseas e fadiga também podem estar presentes.
Manifestações sistêmicas que sugerem hipersensibilidade, tais como febre, erupção cutânea ou eosinofilia, são características de certas formas de hepatite medicamentosa, como a causada pela clorpromazina e amoxicilina + clavulanato.
É importante lembrar que:
- a hepatite medicamentosa crônica pode levar a cirrose hepática e suas complicações;
- a maioria dos casos da doença ocorre nos primeiros seis meses após o início de um novo medicamento.
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