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Infectologia16 agosto 2024

Vacinas de HPV como tratamento de lesões verrucosas benignas recorrentes 

Revisão avaliou artigos sobre o uso de vacinação contra HPV no tratamento de proliferações epiteliais em adultos e crianças imunocompetentes e imunossuprimidas.

Infecção pelo vírus HPV é uma condição clínica frequente, podendo apresentar-se desde uma forma assintomática à presença de proliferação epitelial, causando verrugas cutâneas ou anogenitais benignas ou malignas. 

As vacinas contra HPV foram desenvolvidas com o objetivo prioritário de reduzir os cânceres associados ao HPV, os quais estão ligados principalmente aos tipos 16 e 18. As vacinas aprovadas para uso têm se mostrado eficazes na prevenção de ocorrência de neoplasias epiteliais cervicais de alto grau relacionados a esses dois tipos de HPV oncogênicos. 

Entretanto, as lesões benignas cutâneas e anogenitais recalcitrantes são mais difíceis de tratar, podendo apresentar taxas de recorrência de até 30%. Uma hipótese para essa resposta subótima é a ausência de resposta imune elicitada pelos métodos de tratamento físicos utilizados. Diante disso, outras estratégias, baseadas em terapias imunomoduladoras, vêm sendo estudadas. 

A vacinação contra HPV tem mostrado induzir uma resposta imune celular local que estaria relacionada à erradicação de infecções e que poderia ter alguma eficácia em indivíduos já infectados pelo vírus. Alguns relatos na literatura têm mostrado um papel positivo da vacina contra HPV na resolução de verrugas cutâneas e anogenitais benignas. 

Vacinas de HPV como tratamento de lesões verrucosas benignas recorrentes 

O trabalho 

Em uma revisão de literatura publicada na Open Forum Infectious Diseases, foram avaliados 28 artigos que versavam sobre o uso de vacinação contra HPV no tratamento de proliferações epiteliais em adultos e crianças imunocompetentes e imunossuprimidas. Foram considerados adultos os indivíduos com ≥ 18 anos. 

A resposta ao tratamento foi registrada conforme reportado nas publicações. Em sua maioria, a resolução completa das lesões após o tratamento foi classificada como resposta total, enquanto redução > 50% no tamanho e/ou número das lesões foi considerada como resposta parcial e a ausência de alterações ou desenvolvimento de lesões novas foi classificada como ausência de resposta. 

Em relação à população de crianças imunocompetentes, foram encontrados dados de 28 crianças com verrugas cutâneas induzidas por HPV e que foram tratadas com vacinação. Dessas, 26 alcançaram resposta completa e 2, resposta parcial. Para verrugas anogenitais, foram encontrados 3 casos: 1 com resposta parcial e 2 sem resposta. 

Em 2 trabalhos, não foi possível discriminar casos pediátricos de casos em adultos, mas os resultados publicados indicaram melhor resposta em indivíduos mais jovens. No primeiro trabalho, resposta completa foi observada em 52% dos pacientes com < 20 anos vs. 38% em pacientes mais velhos. Já no segundo trabalho, resposta completa foi observada em 84% dos pacientes com idades entre 9 e 26 anos vs. 55% no grupo mais velho. 

Para a população de indivíduos adultos imunocompetentes, resposta completa nas lesões cutâneas foi encontrada em 14 e resposta parcial em 6 pacientes após administração de vacina 2-valente (voltada para os tipos 16 e 18). No mesmo estudo, um grupo de 22 pacientes foi tratado com injeções intralesionais de vacina, com maiores índices de sucesso (resposta completa em 18 e parcial em 2 pacientes). Com a vacina 4-valente (voltada para os tipos 6, 11, 16 e 18), resposta completa foi observada em 9 casos, enquanto, com a vacina 9-valente (voltada para os tipos 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58), esse número foi de 28 em 58 pacientes. 

Leia também: Vacina contra o HPV passa a ser oferecida para usuários da PrEP

Para verrugas anogenitais, resposta completa foi observada em 7/15 pacientes após administração da vacina 4-valente e em 3/6 após a administração da vacina 9-valente. Em um estudo, houve resposta completa em todos os 4 pacientes incluídos, os quais foram tratados com eletrocauterização e vacinação com vacina 4-valente. Além disso, os autores da revisão encontraram o relato de 1 caso de papiloma oral de célula escamosa positiva para HPV que foi tratado com sucesso após administração de vacina contra HPV. 

Em relação à população imunossuprimida, somente 1 caso pediátrico foi localizado na literatura, que apresentou resposta completa de lesões cutâneas após administração da vacina 4-valente. Na população adulta com verrugas cutâneas, foram localizados 9 pacientes tratados, dos quais 1 apresentou resposta completa com administração de 4-valente e 6 apresentaram resposta parcial com administração da vacina 9-valente. Outros 2 pacientes receberam a vacina 9-valente, mas o desfecho não pode ser avaliado. Em 2 pacientes com ambos os tipos de lesões, a vacinação teve resposta completa ou parcial sobre as lesões cutâneas, mas não apresentou resposta sobre as anogenitais.

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Referências bibliográficas

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