O desenvolvimento de vacinas eficazes contra Covid-19 foi um passo fundamental para a redução de novo casos e óbitos pela infecção e para o avanço no controle da pandemia. Ao longo do ano de 2021, tivemos grandes avanços no desenvolvimento de imunizantes, inclusive com a aprovação de novas plataformas. Ainda assim, desafios como eventos adversos inesperados e o surgimento de novas variantes também se fizeram presentes.
Confira nossa retrospectiva de vacinas contra Covid-19.
CoronaVac: a primeira vacina contra Covid-19 no Brasil
A CoronaVac foi o primeiro imunizante a ser amplamente utilizado no país. Os resultados iniciais mostraram uma eficácia global de 50,38%, com redução importante de novas infecções, hospitalizações e mortes.
Um estudo de vida real, conduzido no Chile, mostrou uma eficácia de 87,5% para prevenção de hospitalização, 90,3% para prevenção de internação em CTI e de 86,3% para prevenção de óbito em indivíduos completamente vacinados.
Todos os estudos mostraram um perfil de segurança favorável e não foram descritos eventos adversos especiais com relevância estatística até o momento.
Mais recentemente, preocupações com quedas observadas no título de anticorpos com o tempo motivaram questionamentos em relação ao uso da Coronavac. Estudos chineses pré-print mostraram redução importante na detecção de anticorpos quando dosados 6 a 8 meses após a segunda dose, efeito observado de forma mais prevalente em idosos.
Astrazeneca
A vacina da Astrazeneca/Oxford foi a segunda a ser disponibilizada para a população brasileira. Diferente da Coronavac — que é uma vacina inativada —, a Astrazeneca utiliza um adenovírus não replicante como vetor.
Relatos de casos de trombocitopenia com trombose pós-vacinação, entretanto, comprometeram o uso da Astrazeneca, motivando sua suspensão temporiamente no país. Especial preocupação se deu com a vacinação em gestantes e puérperas após notificação de óbito relacionado a esse evento adverso. O mecanismo de ação parece ser a formação de anticorpos antifator 4, de forma semelhante ao que ocorre na trombocitopenia induzida por heparina.
Pfizer
O terceiro imunizante contra Covid-19 a ser utilizado no Brasil é o produzido pela Pfizer/BioNTech. Com uma tecnologia baseada em RNAm, os estudos iniciais que levaram à sua aprovação mostraram uma eficácia global de aproximadamente 95%, sendo superior a 94% mesmo em faixas etárias mais altas, acima de 65 anos.
Em relação a eventos adversos, relatos de miocardite e pericardite chamaram a atenção. Embora raros, os casos parecem mais frequentes em indivíduos jovens e do sexo masculino e, em sua maioria, apresentam bom prognóstico.
Terceira dose: o que sabemos?
A descoberta e disseminação de novas variantes de SARS-CoV-2, com a deflagração de novas ondas de infecção ao redor do mundo, em conjunto com achados de quedas de títulos de anticorpos circulantes com o tempo, levou ao questionamento sobre a necessidade de doses adicionais da vacina de Covid-19.
Pequenos estudos mostram que indivíduos imunossuprimidos podem não responder adequadamente ao esquema padrão de duas doses. Da mesma forma, outros estudos vêm demonstrando melhora de resposta com a administração de terceira dose, seja em populações específicas, como os imunocomprometidos, seja na população geral, como sugere o estudo de vida real conduzido em Israel.
Atualmente, a estratégia adotada para a terceira dose é a vacinação heteróloga, isto é, a administração de um imunizante diferente do que foi utilizado para as duas primeiras doses. No Sistema Único de Saúde, o reforço está sendo realizada somente com as vacinas Pfizer e Aztrazeneca.
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