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Infectologia31 outubro 2018

Tuberculose latente: tratamento de curta duração é boa alternativa?

Um dos pilares que desafiam o controle da tuberculose (TB) em todo o mundo é o diagnóstico e o tratamento da forma latente da doença.

Por Rafael Duarte

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Um dos pilares que desafiam o controle da tuberculose (TB) em todo o mundo é o diagnóstico e o tratamento da forma latente da doença. Mediante a histórica clínica, exames radiológicos, os resultados na prova tuberculínica (tradicionalmente conhecida como Protein Purified Derivative of Tuberculin – PPD ) e o incremento obtido com os testes quantitativos para interferon (Interferon Gamma Release Assay – IGRA), a TB latente pode ser diagnosticada, e indicado o tratamento para prevenir a evolução da infecção para a doença (a tuberculose ativa).

Leia mais: Teste molecular na tuberculose extrapulmonar: uma boa alternativa diagnóstica?

Por décadas, o tratamento indicado consistia do uso de isoniazida por 180 a 270 doses diariamente (seis a nove meses), porém havia problemas decorrentes da baixa adesão e efeitos adversos do medicamento. Inúmeros esforços têm sido realizados de forma a alterar esse esquema de tratamento para períodos inferiores e minimizando as intercorrências. As recentes alterações sugeridas incluem o tratamento, em casos específicos, com monoterapia com rifampicina em, no mínimo, 120 doses (quatro meses).

Dois artigos recentes do mesmo grupo descrevem ensaios clínicos que avaliam outras opções, com resultados que podem vir a efetivamente alterar os esquemas atuais para TB latente:

  1. Menzies et al. (2018) – Ensaio clínico randomizado conduzido em nove países com avaliação comparativa do esquema com uso de rifampicina por quatro meses vs o uso de isoniazida por nove meses. Os resultados indicaram que o regime com rifampicina não foi inferior ao esquema com isoniazida, e também apresentou maior adesão e segurança aos indivíduos incluídos.
  2. Diallo et al. (2018) – Ensaio clínico randomizado incluindo crianças e adolescentes (< 18 anos) para avaliação do mesmo esquema terapêutico citado acima. Não houve diferença nas taxas de efeitos adversos nos dois grupos, assim como a eficácia e segurança foram semelhantes. Porém, a adesão maior no grupo tratado com rifampicina.

Tais resultados reforçam a promissora abordagem terapêutica com uso de rifampicina em período de quatro meses para o tratamento da tuberculose latente, levando à maior adesão e mantendo a segurança e eficácia de tratamento quando comparado ao esquema tradicional.

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Referências:

  • Diallo T, Adjobimey M, Ruslami R, Trajman A, Sow O, Obeng Baah J, Marks GB, Long R, Elwood K, Zielinski D, Gninafon M, Wulandari DA, Apriani L, Valiquette C, Fregonese F, Hornby K, Li PZ, Hill PC, Schwartzman K, Benedetti A, Menzies D. Safety and Side Effects of Rifampin versus Isoniazid in Children. N Engl J Med. 2018 Aug 2;379(5):454-463.
  • Menzies D, Adjobimey M, Ruslami R, Trajman A, Sow O, Kim H, Obeng Baah J, Marks GB, Long R, Hoeppner V, Elwood K, Al-Jahdali H, Gninafon M, Apriani L, Koesoemadinata RC, Kritski A, Rolla V, Bah B, Camara A, Boakye I, Cook VJ, Goldberg H, Valiquette C, Hornby K, Dion MJ, Li PZ, Hill PC, Schwartzman K, Benedetti A. Four Months of Rifampin or Nine Months of Isoniazid for Latent Tuberculosis in Adults. N Engl J Med. 2018 Aug 2;379(5):440-453.

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