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Infectologia13 janeiro 2021

Qual a estimativa de transmissão da Covid-19 por assintomáticos?

A Covid-19 tem uma transmissão mais rápida e em grande parte ocasionada por indivíduos ainda em período de incubação ou assintomáticos. 

A infecção pelo SARS-Cov 2 já levou a mais de 200.000 óbitos no Brasil em menos de 1 ano e medidas para tentar conter a transmissão do vírus devem ser mantidas ou preferencialmente aumentadas. Diferente do surto em alguns países ocasionado em 2003 pelo SARS-CoV, que cursava com quadros graves e cuja transmissão se dava em geral após instalação de sintomas, o novo coronavírus tem uma disseminação mais rápida e em grande parte ocasionada por indivíduos ainda em período de incubação ou inclusive por alguns casos que se infectam e nunca chegam a desenvolver sintomas, os assintomáticos.

Leia também: Covid-19: a contínua importância de detectar os assintomáticos

A Covid-19 tem uma transmissão mais rápida e em grande parte ocasionada por indivíduos ainda em período de incubação ou assintomáticos. 

Estudos sobre a transmissão

Pesquisas que comprovam essa transmissão por pessoas sem sintomas observaram que o período entre uma pessoa infectada infectar outro indivíduo pode ser inferior ao tempo em que a primeira leva para iniciar sintomas.

Estudo publicado no JAMA em 07 de janeiro visou quantificar a porcentagem de infecções que ocorrem através de transmissão por indivíduos assintomáticos. Baseado em dados de oito metanálises chinesas, foi considerado período médio de incubação sendo de 5 dias naqueles que desenvolvem sintomas em algum momento e período de possível transmissão pelos infectados de 10 dias, variando início entre 3 e 7 dias após contágio. Estimou-se que 30% dos infectados nunca desenvolvem sintomas e que esses tinham poder de transmissão de 75% em relação aos sintomáticos.

Saiba mais: Tocilizumabe em pacientes com Covid-19 hospitalizados: resultados de novo estudo clínico

Os resultados do estudo estimam que aproximadamente 59% das infecções são transmitidas por indivíduos assintomáticos, sendo 35% oriundos de casos que ainda desenvolverão quadro clínico e 24% provenientes de pessoas que nunca desenvolvem sintomas. Porém, os próprios autores dizem que é muito difícil garantir precisão destes dados, pois se trata de um fenômeno complexo que depende de muitas variáveis difíceis de estimar, como por exemplo qual o dia de maior transmissibilidade da doença: ao antecipar em um dia o pico de transmissão (do quinto para o quarto dia), os cálculos evidenciam que até 67% dos casos seriam transmitidos por pessoas assintomáticas, ao passo que se o pico for um dia mais tardio (sexto dia) este número cairia para 51%.

Mensagem prática

O artigo demonstra que os casos assintomáticos apresentam papel relevante na propagação da Covid-19, responsáveis pela transmissão de aproximadamente 50% dos casos e que apenas isolar pacientes sintomáticos pode ser pouco eficiente para conter a pandemia. É necessário manter uso de máscaras, limpeza frequente das mãos, distanciamento social e se possível realizar teste em pessoas saudáveis que tenham tido contato com casos de Covid-19 ou que apresentem alta exposição ao vírus como, por exemplo, trabalhadores que se expõe a grande público. Essas medidas devem ser estimuladas enquanto não houver melhor tratamento ou as vacinas não estiverem amplamente distribuídas.

Referências bibliográficas:

  • Johansson MA, Quandelacy TM, Kada S, et al. SARS-CoV-2 Transmission From People Without Covid-19 Symptoms. JAMA Netw Open. 2021;4(1):e2035057. doi:1001/jamanetworkopen.2020.35057

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