Pesquisadores de Hong Kong anunciaram, na última segunda-feira, 24, o primeiro caso confirmado de reinfecção pela Covid-19 no mundo: um homem de 33 anos que positivou pela segunda vez, mais de quatro meses após a primeira infecção. O caso foi confirmado através do sequenciamento genético do vírus das duas infecções, que mostraram diferenças significativas nas cepas virais.
Para os pesquisadores, porém, o fato de ele ter ficado assintomático na segunda vez mostra que o sistema imunológico do paciente manteve o vírus sob controle. O caso foi aceito e será publicado pela revista Clinical Infectious Diseases.
Um dia depois da primeira confirmação, dois outros relatos de casos europeus foram divulgados pelos cientistas. O primeiro paciente era um idoso, na Holanda, com sistema imunológico mais vulnerável. A outra era uma mulher da Bélgica, que teve sintomas leves em março e foi reinfectada em junho. Ambos os casos ainda não foram publicados oficialmente.
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Reinfecção da Covid-19
Após a divulgação dos cientistas de Hong Kong, a líder técnica da Organização Mundial da Saúde (OMS), Maria van Kerkhove, confirmou que a reinfecção é possível, mas que é necessário cautela. “É muito importante que documentemos isso, e, em países que podem fazer isso, que o sequenciamento seja feito. Isso ajudaria muito. Mas não podemos pular para nenhuma conclusão, mesmo que esse seja o primeiro caso documentado de reinfecção”, disse ela.
Van Kerkhove lembrou que as evidências até o momento apontam que os infectados pela Covid-19 desenvolvem algum nível de imunidade, mas ainda falta entender o quanto essa imunidade é protetora.
Para a porta-voz da OMS, Margaret Harris, que falou com coletiva nesta terça-feira sobre os casos, a reinfecção parece ser rara: “É um caso documentado em mais de 23 milhões. Provavelmente veremos mais casos, mas parece não ser um evento regular”.
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Reinfecção e vacinas
Uma preocupação grande relacionada às reinfecções são o quanto isso pode afetar as vacinas que estão sendo desenvolvidas. Mas para a porta-voz da OMS, a proteção que a vacina gera é diferente da infecção natural, principalmente em casos leves. A expectativa é que a vacina dê mais imunidade.
“Quando você estimula a proteção imune com uma vacina, está fazendo um estímulo muito específico de imunidade, e muito da avaliação de uma vacina é para assegurar que a imunidade que você estimulou realmente protege. Anos e anos e anos de seguimento dizem por quanto tempo a imunidade dura”, explicou Harris.
*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED
Referências bibliográficas:
- First Documented Coronavirus Reinfection Reported in Hong Kong. The New York Times. https://www.nytimes.com/2020/08/24/health/coronavirus-reinfection.html?action=click&module=RelatedLinks&pgtype=Article
- Two more cases of reinfection were reported, this time in Europe. The New York Times. https://www.nytimes.com/2020/08/25/world/covid-19-coronavirus.html?type=styln-key-updates&index=0#link-f61c099
- Reinfecção pelo coronavírus não parece ser comum, diz OMS. Portal G1. https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/08/25/reinfeccao-pelo-coronavirus-nao-parece-ser-comum-diz-oms.ghtml
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