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Infectologia24 março 2024

Prevenção da tuberculose: qual método é mais eficaz?

Exceto durante o período de pandemia pela covid-19, a tuberculose (TB) é a doença infecciosa que mais mata mundialmente (em torno de um milhão de pessoas por ano).
Por Raissa Moraes

Estima-se que mais de um quarto da população mundial esteja infectada com Mycobacterium tuberculosis (ou seja, infecção latente), e a maioria dos casos de tuberculose ativa surge em pessoas com infecção latente.

A Organização Mundial da Saúde desenvolveu a Estratégia para Acabar com a TB, uma abordagem global para prevenir e controlar a TB que está alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. A estratégia tem como meta uma redução de 90% na incidência de TB, a ser alcançada até o ano 2035 em relação às taxas de 2015. Para atingir esta meta, é importante, então, identificar as intervenções mais eficazes para prevenir o desenvolvimento da doença ativa.

Leia também: AIDS 2023: Rastreio universal para tuberculose

Atualmente, estão disponíveis uma série de intervenções preventivas, como rastreio da doença latente, terapia nutricional, investigação de contactantes, tratamento de TB latente, tratamento da TB ativa e vacinação de crianças com a BCG. Estas intervenções têm vários níveis de eficácia no que diz respeito à prevenção.

Prevenção da tuberculose: qual método é mais eficaz?

Novo estudo

Assim, um estudo recentemente publicado teve como objetivo identificar as intervenções preventivas mais eficazes em reduzir a incidência da TB. Foi realizada uma metanálise com artigos publicados no PubMed, SCOPUS, Web of Science, Cochrane Central Register of Controlled Trials e ClinicalTrials.gov que descrevem intervenções para reduzir a incidência de TB, publicados desde a data de criação de cada banco de dados até 22 de fevereiro de 2023. Foram selecionados 69 estudos e nenhum deles utilizou placebo.

Métodos

No geral, 1.144.520 participantes foram incluídos. Destes, 55.637 (4,86%) participantes foram especificamente designados para terapias preventivas específicas incluindo isoniazida, rifampicina, pirazinamida, rifapentina, estreptomicina, cotrimoxazol, levofloxacina ou combinação de qualquer um destes tratamentos. Além disso, 81.279 (7,01%) participantes foram alocados em terapias nutricionais como suplementação multivitamínica, selênio e vitamina D3. Um total de 483.039 (41,50%) participantes foram designados para vacinação BCG, 21.717 (1,9%) para vacinas candidatas contra TB e 10.752 (1,01%) para triagem direcionada de TB mais tratamento preventivo com isoniazida.

Resultados

Esse estudo inferiu que a terapia preventiva da TB foi a intervenção mais eficaz na redução da incidência de TB entre a população em risco de desenvolver doença ativa. Essa terapia é um tratamento oferecido aos indivíduos com infecção latente que visa impedir a progressão para doença clínica. A Organização Mundial da Saúde recomenda que se concentre nas populações de alto risco, como pessoas que vivem com HIV, paciente em hemodiálise, pacientes em preparação para transplante, entre outros. Apesar da sua eficácia comprovada, a terapia preventiva da TB é globalmente subutilizada.

O estudo também mostrou que regimes baseados em rifamicina, como uma combinação de isoniazida com rifampicina ou rifapentina e rifampicina isoladamente, reduziram significativamente a incidência de TB. Embora os regimes à base de rifamicina tenham muitas interações medicamentosas, a OMS recomenda o acesso a estas medicações pois elas permitem um tratamento mais curto, o que melhora a adesão.

Saiba mais: Avaliação de tratamento curto para tuberculose sensível

Conclusão e mensagem prática

De todas as opções de tratamento preventivo investigadas, o regime de isoniazida mais estreptomicina foi classificado como sendo a melhor opção de tratamento para reduzir a incidência de TB entre populações em risco. No entanto, este regime não está incluído nas atuais diretrizes consolidadas da OMS para o tratamento preventivo da TB, o que pode ser explicado pela via de administração da estreptomicina (intramuscular). De qualquer forma, este resultado deve ser interpretado com cautela, uma vez que se baseia em um único ensaio antigo que investigou a eficácia da isoniazida mais estreptomicina na prevenção da incidência de TB entre uma população com cavitação residual, mas sem tuberculose ativa.

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Referências bibliográficas

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