O Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais publicado em julho de 2023 pelo Ministério da Saúde apresentou um panorama epidemiológico das hepatites virais no Brasil, mostrando a evolução dos indicadores ao longo da série histórica, incluindo informações sociodemográficas e dados regionais.
O boletim traz informações atualizadas até 2022 (exceto sobre os óbitos após 2021). Segundo o relatório, há uma queda no número de casos diagnosticados desde a pandemia de 2020. Abaixo trazemos algumas informações gerais apresentadas.
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Dados Nacionais
Entre 2000 e 2022, 750.651 casos de hepatites virais foram confirmados no país, a maior parte sendo de hepatite C (39,8%), seguida por casos de hepatite B (36,9%) e hepatite A (22,5%), as hepatites D e E não somam 1% dos casos confirmados (1.780 e 4.393 casos, respectivamente). O número de óbitos por causas básicas e associadas, entre 2000 e 2021, chegou a 85.486. Sendo 76,1% relacionados à hepatite C e 21,5% à B.
A região Sudeste possui a maior proporção de casos de hepatites B (34,2%) e C (58,3%). As infecções pelo vírus da hepatite A se concentram na região Nordeste (30%), enquanto a região Norte possui 73,1% dos casos de hepatite D.
Hepatite A
De acordo com o boletim, 55,2% dos casos confirmados entre 2000 e 2022 de hepatite A estão nas regiões Norte e Nordeste, contudo o estado com a segunda maior concentração de casos no período é o Paraná com 7,3% e o Sergipe tem a menor concentração, com 0,9% dos casos totais.
A taxa de incidência de hepatite A no Brasil teve forte queda em 2016 e desde então se manteve estável. A média por estado em 2022 no país era de 0,4 casos por 100 mil habitantes, nesse ano o Rio de Janeiro apresentou a maior taxa de incidência com 0,9 casos por 100 mil habitantes, seguido pelo Rio Grande do Sul com 0,8.
Hepatite B
276.646 casos de hepatite B foram confirmados no Brasil entre 2000 e 2022, 34,2% na região Sudeste, a grande maioria no estado de São Paulo (58.640 casos), no número de casos no período em nível nacional, SP é seguido por Paraná e Santa Catarina, 32.748 e 27.709 casos respectivamente.
Considerando apenas os dados de 2022, 14 capitais apresentaram taxa de detecção de hepatite B maiores que a média nacional de 4,3 casos por 100 mil habitantes. As três com maiores taxas foram Porto Velho (21,1 casos por 100 mil habitantes); Rio Branco (16,4) e Boa Vista (13,3). Goiânia é um destaque positivo pois apresentou redução de 46,1% em 2022, saindo de 15,1 em 2021 para 8,1 por 100 mil habitantes.
Hepatite C
Foram contabilizados 298.738 diagnósticos de hepatite C no Brasil entre 2000 e 2022, 58,3% na região, 27,1% na região Sul, 7,1% no Nordeste, 3,8% no Centro-Oeste e 3,1% no Norte. Em 2015 a definição de caso confirmado se tornou mais sensível (considerando marcadores anti-HCV ou HCV-RNA reagentes), dessa forma houve um crescimento na quantidade de casos a partir de 2016, contudo desde 2019 há uma queda nesse número.
De 2011 a 2022, as regiões Sul e Sudeste têm apresentado taxas maiores que a média nacional (6,6 a cada 100 mil habitantes), 12,4 casos para cada 100 mil habitantes e 8,5 casos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. Considerando apenas 2022, 11 capitais tiveram taxas maiores que a média nacional
- Porto Alegre-RS (47)
- São Paulo-SP (26,8)
- Curitiba-PR (18,7)
- Rio Branco-AC (14,0)
- Porto Velho-RO (13,5)
- Goiânia-GO (10,7)
- Florianópolis-SC (8,3)
- Salvador-BA (7,8)
- Manaus-AM (7,5)
- Boa Vista-RR (7,4)
- Aracaju-SE (7,4)
Em relação ao mecanismo de infecção pelo vírus a falta de informação adequada no período torna difícil uma avaliação das prováveis fontes.
Hepatite D
Dos 4.393 casos confirmados de hepatite D no Brasil, entre 2000 e 2022, 58,3% deles foram em homens e 49,9% foram em indivíduos entre 20 e 39 anos. A razão entre o número de infectados do sexo masculino em relação as pacientes do sexo feminino aumentou de 11 para 10 em 2012 para 20 para 10 em 2022.
O boletim completo pode ser acessado através do link.
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Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal.
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