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Infectologia16 setembro 2016

O que perguntar para descobrir se o paciente é realmente alérgico à penicilina

Menos de 1% da população possui reação mediada por imunoglobulina E (IgE), indicando uma verdadeira alergia medicamentosa.

Por Vanessa Thees

Dados recentes do CDC revelam que 10% de todos os pacientes norte-americanos relatam ter tido uma reação alérgica à penicilina. No entanto, menos de 1% da população possui reação mediada por imunoglobulina E (IgE), indicando uma verdadeira alergia medicamentosa. Por que existe essa diferença?

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O que acontece é que alguns pacientes podem ter tido efeitos colaterais ou sintomas de outra doença, que foi interpretado como alergia. Além disso, cerca de 80% de pacientes com alergias verdadeiras à penicilina perdem a sua sensibilidade em 10 anos após a reação.

Para avaliar se o seu paciente realmente tem alergia à penicilina, uma boa investigação é fundamental. Faça as seguintes perguntas:

  • Qual medicamento ou quais medicamentos você estava tomando quando ocorreu a reação?
  • Que tipo de reação ocorreu (erupções cutâneas, urticária, diarreia ou dificuldade em respirar)?
  • Quando isto aconteceu? Você recebeu tratamento? Por exemplo, epinefrina foi usada?

É importante lembrar também das características de uma reação mediada por IgE: ocorre imediatamente ou no prazo de 1 hora após a exposição; sinais e sintomas incluem urticária, angioedema, chiado, falta de ar e anafilaxia.

Veja também: ‘As consequências do desabastecimento global de penicilina’

Testes cutâneos alérgicos devem ser realizados?

Testes cutâneos alérgicos não devem ser realizados em pacientes com outras reações de hipersensibilidade graves à penicilina, tais como síndrome de Stevens-Johnson ou necrólise epidérmica tóxica. Então, quando você deve considerar o teste para um paciente?

O teste cutâneo deve ser considerado quando o paciente tem uma história consistente com uma reação à penicilina mediada por IgE. Eles podem ser feitos quando o paciente está bem e não precisa de antibiótico. Então, se o paciente se tornar doente em um momento posterior, penicilina pode ser utilizada, se indicado.

Alternativamente, o teste cutâneo pode ser realizado quando o paciente necessitar de tratamento com penicilina. Caso você não tenha experiência com testes cutâneos e suspeite que seu paciente tem alergia ao medicamento, você pode encaminhá-lo a um alergista.

Caso o teste cutâneo dê negativo, você pode seguir o teste com penicilina de classe oral, como amoxicilina, para definir com segurança se há ou não alergia. Caso os dois testes apresentem resultados negativos, alergia à penicilina pode seguramente ser descartada.

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Referências:

  • https://www.cdc.gov/getsmart/week/downloads/getsmart-penicillin-factsheet.pdf
  • Joint Task Force on Practice Parameters representing the American Academy of Allergy, Asthma and Immunology; American College of Allergy, Asthma and Immunology; Joint Council of Allergy, Asthma and Immunology. Drug allergy: an updated practice parameter. Ann Allergy Asthma Immunol. 2010;105:259-273.
  • Gonzalez-Estrada A, Radojicic C. Penicillin allergy: a practical guide for clinicians. Cleve Clin J Med. 2015;82:295-300.
  • Herrier RN, Apgar DA, Boyce RW, Foster SL. Patient assessment in pharmacy. New York: McGraw-Hill; 2015. https://accesspharmacy.mhmedical.com/content.aspx?bookid=1074&Sectionid=62364288.
  • Bernstein JA. Update on angioedema: evaluation, diagnosis, and treatment. Allergy Asthma Proc. 2011;32:408-412.
  • Sampson HA, Muñoz-Furlong A, Campbell RL, et al. Second symposium on the definition and management of anaphylaxis: summary report—second National Institute of Allergy and Infectious Disease/Food Allergy and Anaphylaxis Network symposium. Ann Emerg Med. 2006;47:373-380.
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  • Pichiero ME. A review of evidence supporting the American Academy of Pediatrics recommendation for prescribing cephalosporin antibiotics for penicillin-allergic patients. Pediatrics. 2005;115:1048-1057.

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