De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o saneamento corresponde ao gerenciamento ou controle dos fatores físicos que podem exercer efeitos nocivos ao homem, prejudicando seu bem-estar físico, mental e/ou social. Corroborando com a definição da OMS, além de leis estabelecidas pelos governos de cada país, como a Lei n° 11.445/07, existem propostas das Nações Unidas, como o ODS 6, que visam assegurar o acesso a serviços de saneamento básico pela população.
O acesso aos serviços de saneamento básico está diretamente relacionado à qualidade da saúde da população, de modo que a ausência ou o acesso limitado a esses serviços pode desencadear doenças como dengue, febre tifoide, diarreias, hepatites e outras.
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Hepatite e saneamento
Também conhecida como “hepatite infecciosa”, a hepatite A é uma doença causada pelo vírus A da hepatite (HAV) e uma das doenças desencadeadas pela falta de saneamento básico. Caracterizada por uma inflamação nas células do fígado, a hepatite A geralmente apresenta caráter benigno, de modo que o paciente elimina o vírus do organismo após o desenvolvimento da doença.
As complicações são raras, porém, demandam atenção devido à sua gravidade. A hepatite A pode evoluir para insuficiência hepática aguda, isto é, a perda repentina do funcionamento do fígado, podendo ser necessário o transplante do órgão. Ainda, segundo o Ministério da Saúde, a forma fulminante da doença apresenta letalidade elevada (40% a 80% dos casos).
Diferentemente dos demais tipos de hepatites, a principal forma de transmissão da hepatite A é fecal-oral, ou seja, através do contato de fezes com a boca ou por meio de alimentos e/ou água contaminada. Para evitar a contaminação e a disseminação da doença, é importante se atentar a algumas medidas profiláticas – como higienizar frequentemente as mãos, evitar alimentos crus e beber somente água potável — e, também, ao saneamento básico.
O controle da disseminação da hepatite A é um interesse da saúde pública dos países. Contudo, segundo a OMS, ainda é necessário um grande investimento por parte das nações de modo a erradicar a doença (cerca de US$ 58,7 bilhões, que poderia reduzir novas infecções em 90% e mortes em 65%). Entre as medidas adotadas pelas nações para melhorar o acesso e as condições de saneamento básico pela população e, consequentemente, contribuir para a erradicação da hepatite A, está o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6 (ODS 6).
O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6 (ODS 6) é um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2015 e trata de “água e saneamento básico para todos”. As Nações Unidas, através do ODS 6, estabelecem 8 metas a serem cumpridas até 2030 pelos países membros. Entre essas metas estão: alcançar o acesso universal e equitativo à água potável e segura para todos; alcançar o acesso a saneamento e higiene adequados e equitativos para todos, e acabar com a defecação a céu aberto; melhorar a qualidade da água, reduzindo a poluição, eliminando despejo e minimizando a liberação de produtos químicos e materiais perigosos; proteger e restaurar ecossistemas relacionados com a água, entre outras.
O controle e a prevenção da hepatite A depende de uma ação conjunta entre a população, os profissionais de saúde e as instâncias governamentais. A adoção de propostas como o ODS 6 contribui para a melhoria das condições de saneamento básico e, consequentemente, auxilia na redução de doenças como a hepatite A.
*Este conteúdo é uma parceria com o Instituto Health Lake, um projeto voluntário e sem fins lucrativos que garante a acessibilidade, segurança e integridade das informações, para maior visibilidade aos dados relacionados a saúde, tecnologia e afins.
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