A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou, em 2013, a recomendação sobre a adoção do esquema de dose única contra a febre amarela como sendo efetiva para a proteção duradoura por toda a vida do indivíduo vacinado.
No ano de 2017, o Ministério da Saúde brasileiro abraçou tal recomendação da OMS, porém, um estudo recente, publicado por um grupo de trabalho constituído por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e colaboradores de outras instituições, no jornal científico Emerging Infectious Diseases em agosto de 2019, questiona tal decisão.
Segunda dose de febre amarela
No estudo mencionado, foi a avaliada a duração dos anticorpos neutralizantes e o status da memória imunológica T e B para a vacina 17DD. Para essa finalidade, foram coletadas 421 amostras de sangue de 326 indivíduos adultos saudáveis com faixa etária entre 18 e 77 anos de idade, residentes nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro.
A imunização primária alcançou soropositividade de 96%, porém após 10 anos, a taxa diminuiu para 71%. Observou-se um declínio progressivo da soropositividade pelo teste de neutralização de redução de placa (PRNT) e dos níveis de células TCD4+ e TCD8+ de memória, assim como de células T CD8+ produtoras de interferon gama. Por outro lado, a revacinação aptos 10 anos recuperou os níveis de todos esses parâmetros alterados, especialmente após imunização secundária ou múltipla, garantindo status protetor por > 10 anos após o booster.
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Mediante tais achados, o Ministério da Saúde recolocou, recentemente, a revalidação contra a febre amarela em pauta de discussão. É provável que retorne a segunda dose da vacina para crianças menores de dois anos de idade nas orientações da instituição.
A Sociedade Brasileira de Imunização recomenda a vacinação a partir de nove meses de vida em residentes ou viajantes de áreas endêmicas, e já alerta sobre a importância da segunda dose para crianças vacinadas antes de dois anos de idade.
Mas chama-se atenção que existe a relevância de administrar pelo menos uma dose de reforço dez anos após a imunização contra a doença para qualquer indivíduo em qualquer faixa etária em áreas de alto risco de transmissão.
Outras informações e desafios no combate a febre amarela podem ser observados nos artigos citados abaixo, nas referências.
Referências bibliográficas:
- Filho-Martins, OA et al. 17DD Yellow Fever Revaccination and Heightened Long-Term Immunity in Populations of Disease-Endemic Areas, Brazil. Emerg Infect Dis. 2019, 25(8):1511-1521.
- World Health Organization. Vaccines and vaccination against yellow fever. WHO position paper—June 2013. Wkly Epidemiol Rec. 2013;88:269–83. Disponível em: https://www.who.int/wer/2013/wer8827.pdf.
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