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Como medida de prevenção, recomenda-se o uso de máscaras N-95 por parte dos profissionais em contato com pessoas suspeitas ou com infecção confirmada por Influenza. Entretanto, a necessidade de correta adequação da máscara ao rosto do usuário e a baixa adesão ao seu uso devem ser levados em consideração na análise da real eficácia dessa medida.
Um estudo pragmático de eficácia, multicêntrico e randomizado, foi conduzido em sete centros de atendimento de saúde ambulatorial nos Estados Unidos e mostrou que o uso de máscaras cirúrgicas pode ser igualmente eficaz na prevenção da aquisição de Influenza e outras infecções respiratórias por parte dos profissionais de saúde.
Foram incluídos profissionais com 18 anos ou mais que trabalhavam majoritariamente em um dos locais incluídos no estudo e que estavam rotineiramente posicionados a menos de 1,83m dos pacientes. Os participantes foram agrupados em clusters de acordo com seus locais de trabalho – que compreendiam clínicas odontológicas, unidades básicas de saúde, clínicas de atendimento adulto e pediátrico, unidades de diálise, unidades de urgência e emergência e serviços de transporte de emergência – e mantiveram diários onde registraram sinais e sintomas de doenças respiratórias, vacinação anual para Influenza, exposição a pessoas com doença respiratória na comunidade e nos locais de trabalho e participação em procedimentos geradores de aerossóis.
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Cada cluster foi pareado com outro para se assemelharem em número de participantes, serviços de saúde oferecidos, população atendida e equipamentos de proteção adicionais oferecidos, sendo um aleatoriamente randomizado para o uso de máscara cirúrgica e o outro, para uso de N-95. Os participantes foram instruídos a usarem as máscaras durante o período de 12 semanas considerado de maior incidência de doenças respiratórias virais em cada ano de estudo. Foram coletados swabs de narinas e de orofaringe daqueles que reportaram sintomas de infecções respiratórias e de todos os participantes, de forma aleatória, em duas ocasiões, em cada período de 12 semanas em que houve intervenção. Além disso, amostras pareadas do soro de todos os participantes antes e depois de cada temporada de gripe foram coletadas para avaliação dos níveis séricos de hemaglutinina relacionados à Influenza.
Na análise primária, a incidência confirmada laboratorialmente foi de 207 em 2512 participantes-temporada de gripe (8,2%) no braço que usou N-95 e de 193 em 2668 participantes-temporada de gripe (7,2%) no braço que usou máscara cirúrgica, uma diferença não estatisticamente significativa. Houve um total de 1556 infecções respiratórias agudas no grupo designado para uso de N-95 (taxa de incidência de 619,4 por 1000 profissionais-temporada de gripe) e 1711 no grupo de máscara cirúrgica (taxa de incidência de 641,3 por 1000 profissionais-temporada de gripe), valores também considerados semelhantes após análise estatística. As taxas de incidência de infecções respiratórias detectadas laboratorialmente e de síndrome gripal também foram semelhantes entre os grupos. Não houve diferença nas taxas de adesão ao uso dos equipamentos entre os grupos.
Algumas limitações devem ser destacadas, como a possibilidade de infecções assintomáticas que não foram detectadas, subestimação de doença por parte dos próprios profissionais e não adesão às medidas de prevenção, pois podem influenciar os resultados, aumentando a chance de não encontrar diferenças significativas mesmo se elas existirem. Contudo, o fato de ser um estudo multicêntrico, com dados coletados em uma grande área geográfica, englobando serviços com atendimento adulto e pediátrico, e por quatro temporadas de gripe, são fatores que fortalecem o estudo.
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Assim, os resultados mostraram que não houve diferença na eficácia do uso de máscaras cirúrgicas, em relação ao uso de máscaras N-95, na prevenção de infecções por Influenza confirmadas laboratorialmente em profissionais de saúde.
Referência bibliográfica:
- Randovich Jr. LJ, et al. N95 Respirators vs Medical Masks for Preventing Influenza Among Health Care Personnel: A Randomized Clinical Trial. JAMA. 2019;322(9):824-833. doi:10.1001/jama.2019.11645
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