Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.
O vírus linfotrópico de células T humano é um retrovírus com mecanismo de transmissão semelhante ao HIV. O Brasil tem o maior número absoluto de infectados (cerca de 2 milhões de pessoas), principalmente nas regiões Norte e Nordeste, mas também é frequente em outros países da América do Sul, Japão, ilhas do Caribe e África.
São dois subtipos relacionados à endemia, com o tipo 1 predominante e responsável pelas manifestações mais importantes. Aqui no país, o teste de triagem em bancos de sangue é realizado desde 1993. Estima-se que 10 a 20 milhões de pessoas no mundo são portadoras.
O diagnóstico é realizado através da sorologia ELISA e o subsequente Western Blot confirmatório (ou ainda por imunofluorescência indireta), ou através da PCR (reação em cadeia da polimerase). O vírus pode ocasionar dermatite infecciosa em menos de 1% dos infectados, leucemia de células T em cerca de 2% e paraparesia espástica em 2%, entretanto a grande maioria é de portadores assintomáticos. Associa-se também à uveíte. Pode ainda acontecer acometimento articular importante nesta população, por auto-imunidade, bem como outras manifestações neurológicas, além da paraparesia.
Mais do autor: ‘HIV – doença crônica’
No último congresso brasileiro de Infectologia, realizado em setembro deste ano no Rio de Janeiro, salientou-se a associação entre doença neurológica e hipovitaminose D, transformando a reposição da vitamina em uma nova arma contra a infecção pelo HTLV. As manifestações urinárias e disfunções eréteis aparecem em graus variáveis. Parece haver um pior desfecho neurológico em coinfectados HIV e novas evidências sugerem aceleração da evolução para AIDS.
Não há comprovação de cura ou de alguma abordagem terapêutica que proporcione um grande benefício, em face dos estudos atuais. O AZT pode ser utilizado no tratamento da leucemia/linfoma de células T associado a quimioterapia, com pouca demanda em virtude da apresentação pouco comum. Corticoesteroides, fisioterapia motora e inibidores da espasticidade podem ser alternativas de controle dos sintomas, assim como a pentoxifilina e a vitamina C, na mielopatia/paresia espástica. O interferon parece ser efetivo na inibição da replicação viral, mas é pouco utilizado no Brasil para essa finalidade.
Estudos em andamento envolvem anticorpo anti-CCR4 como terapêutica e HAL (exoesqueleto) como proposta de melhora na qualidade de vida quando há deficit motor.
É médico e também quer ser colunista da PEBMED? Clique aqui e inscreva-se!
Referências:
- MANIFESTAÇÕES REUMATOLÓGICAS EM PACIENTES INFECTADOS COM O VÍRUS LINFOTRÓTIPO DE CÉLULAS T HUMANAS NA REGIÃO AMAZÔNICA. 2013. Prof Rita Catarina Figueiredo , Leticia Figueiredo Gomes Eficácia dos medicamentos | http://www.pibic.ufpa.br/ANAISSEMINIC/XXIVSEMINIC/arquivos/resumos/Ciencias_Saude/ciencias_saude_009.pdf.
- Imunonomoduladores no tratamento da mielopatia associada ao HTLV-1/paraparesia espástica tropical: revisão sistemática , Juliana Yamashiro, 2013.
- HTVL: Aspectos Atuais, congresso brasileiro de Infectologia 2017, Prof Carlos Brites
- Antirretroviral zidovudina para uso no tratamento de leucemia/linfoma associado ao HTLV-1, Relatório de recomendação, CONITEC, 2015 | http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2015/Zidovudina_LinfomaeLeucemia_final.pdf.
- HTLV-I: Manifestações Neurológicas e Tratamento Augusto Cesar Penalva de Oliveira, Felipe von Glehn e Jorge Casseb | https://www.researchgate.net/publication/253321653_HTLV-1_Manifestacoes_Neurologicas_e_Tratamento
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.