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Infectologia3 janeiro 2023

FDA aprova novo antirretroviral para terapia de resgate em pacientes com HIV

A eficácia do lenacapavir foi demonstrada em um ensaio clínico randomizado, multicêntrico, controlado por placebo.

A introdução da terapia antirretroviral de alta potência (HART) mudou a história natural da infecção pelo HIV, permitindo um grande incremento na sobrevida e na qualidade de vida dos indivíduos que vivem com o vírus. 

Entretanto, a aquisição de resistência viral aos antirretrovirais ainda é um problema mundial, uma vez que compromete a eficácia da terapia. A má adesão é um dos fatores que contribuem para o desenvolvimento de resistência, já que doses inadequadas dos antirretrovirais favorecem a seleção de cepas resistentes. O acúmulo de mutações de resistência pode levar mesmo à situação de intratabilidade. 

Diante desses fatos, nos últimos anos, vêm-se procurando desenvolver antirretrovirais que sejam altamente eficazes e que preferencialmente apresentem uma combinação de alta barreira genética e que tenham maior facilidade posológica e de administração como forma de melhorar a adesão dos usuários. 

Nesse contexto, a aprovação do lenacapavir pela U.S. Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, ganha importância internacional. O lenacapavir é o primeiro fármaco pertencente a uma nova classe de antirretrovirais, os inibidores de capsídeo, e também vem sendo estudado como potencial droga para profilaxia pré-exposição (PrEP).

caixa de remedio aberta

A decisão

A aprovação pelo FDA veio para o uso de pacientes com infecção pelo HIV-1e que não possuem outras opções terapêuticas devido a resistência, intolerância ou questões de segurança. A eficácia do lenacapavir foi demonstrada em um ensaio clínico randomizado, multicêntrico, controlado por placebo com 72 pacientes com vírus multirresistentes e que mantinham carga viral detectável, apesar de terapia antirretroviral otimizada. Após 26 semanas de uso, o grupo com lenacapavir apresentou 81% de participantes com supressão viral, o que se manteve em 83% após 52 semanas. 

Além de sua ação mesmo em situações de multirresistência, o lenacapavir apresenta uma vantagem adicional, relacionada à sua forma de administração. As doses iniciais são dadas na forma de comprimidos e de injeções subcutêneas, mas as doses de manutenção podem ser administradas como injeções subcutâneas semestrais, o que favoreceria a adesão.  

Os principais eventos adversos relatados foram reações locais no lugar da injeção, principalmente edema, dor e vermelhidão, e náuseas. Outros efeitos, como a formação de nódulos e indurações persistentes e o desenvolvimento de síndrome de reconstituição imune, entretanto, devem ser conhecidas pelos profissionais que atendem essa população. 

Outro fenômeno que deve chamar atenção é a possibilidade da presença de níveis séricos residuais de lenacapavir por 1 ano ou mais após sua interrupção. Assim, o uso irregular da droga pode levar a um risco aumentado de desenvolvimento de resistência.

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Contexto nacional

O lenacapavir ainda não está disponível no Brasil, mas é mais uma ferramenta no arsenal terapêutico na infecção pelo HIV, especialmente no contexto de pacientes multiexperimentados e com vírus multirresistentes.

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Referências bibliográficas

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