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Infectologia9 novembro 2023

Fatores de risco e desfechos de infecção por SARS-CoV-2 em pessoas vivendo com HIV

O estudo pontou que pessoas com SARS-CoV-2 tinham maior probabilidade de terem insuficiência cardíaca congestiva e diabetes mellitus.

Desde a emergência da pandemia por SARS-CoV-2, diversos estudos têm procurado caracterizar o comportamento da infecção em pessoas vivendo com HIV (PVHIV). Os resultados têm demonstrado de forma consistente um maior risco de morte nesse grupo. 

Contudo, outros fatores como desigualdades sociais e comorbidades podem influenciar a ocorrência desses piores desfechos e mais estudos ainda são necessários para melhor caracterizar os fatores para Covid-19 em PVHIV. Baseado nisso, um estudo de coorte foi conduzido para avaliar fatores de risco e desfechos da infecção pelo SARS-CoV-2 em pessoas com HIV. 

Saiba mais: Efeitos da SARS-CoV-2 e sua relação com doenças autoimunes

Fatores de risco e desfechos de infecção por SARS-CoV-2 em pessoas vivendo com HIV

Fatores de risco e desfechos de infecção por SARS-CoV-2 em pessoas vivendo com HIV

Métodos 

O estudo utilizou uma base de dados nacional norte-americana relacionada a diagnóstico de Covid-19. Foram avaliados dados de indivíduos adultos com testes de PCR ou antígeno positivos entre janeiro de 2020 e dezembro de 2021 e com diagnóstico por HIV. 

O desfecho primário foi o diagnóstico de infecção por SARS-CoV-2. Desfechos secundários incluíram hospitalização em 30 dias, internação em unidade de terapia intensiva e morte. Fatores analisados incluíram dados demográficos, história de tabagismo, IMC e cobertura de saúde. 

Resultados 

A análise incluiu 43.173 PVHIV, que foram testados para SARS-CoV-2 no período do estudo, com 6.472 com teste positivo. As PVHIV com infecção confirmada tiveram maior probabilidade de serem mais jovens, mulheres e de etnia hispânica. Tabagismo atual representou 27% da coorte de PVHIV, mas somente 21% da coorte dos infectados com SARS-CoV-2. 

Indivíduos com SARS-CoV-2 tinham maior probabilidade de terem insuficiência cardíaca congestiva, diabetes mellitus e doença renal crônica. O IMC médio foi semelhante entre os que tiveram SARS-CoV-2 e os que não tiveram. Os desfechos de hospitalização em 30 dias, necessidade de UTI e morte ocorreram com maior frequência no grupo de pessoas com teste positivo para SARS-CoV-2. 

Na análise ajustada, as chances de hospitalização foram maiores em PVHIV com SARS-CoV-2, que eram mais velhos, mulheres, tabagistas atuais, de etnia afro-americana ou branca hispânica, com baixo peso e com mais comorbidades. As chances de internação em UTI foram maiores em PVHIV com SARS-CoV-2, que eram mais velhos, homens, afro-americanos, com baixo peso e com mais comorbidades. Para morte, a análise ajustada mostrou maiores chances em PVHIV com SARS-CoV-2, mais velhos, com baixo peso e com mais comorbidades. 

 Leia também: Impacto a longo prazo de PCP em pacientes com HIV

Considerações e conclusão 

Os autores realizaram um corte na coorte de forma a dividi-la em dois períodos de acordo com a disponibilização de vacina e de tratamento. A análise não ajustada para o período antes de janeiro de 2021 foi significativamente maior para hospitalizações, internação em UTI e morte em PVHIV com teste para SARS-CoV-2 positivo em comparação com os com teste negativo. Após essa data, porém, as diferenças entre esses desfechos perderam significância estatística. 

Autoria

Foto de Isabel Cristina Melo Mendes

Isabel Cristina Melo Mendes

Infectologista pelo Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ) ⦁ Graduação em Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro

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