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Cardiologia27 agosto 2024

Doenças cardiovasculares podem ser fator de risco para síndrome pós-covid? 

Há centenas de milhões de sobreviventes da covid-19 em todo o mundo e muitos relataram uma recuperação incompleta, uma condição conhecida como síndrome pós-covid (PCS). 
Por Juliana Avelar

O coronavírus (covid-19) causou um impacto significativo em todo o mundo. A síndrome pós-covid (PCS) é descrita como uma condição na qual os pacientes desenvolvem vários sintomas persistentes por mais de 12 semanas após a infecção aguda por covid-19, e que não podem ser explicados por qualquer diagnóstico alternativo. A prevalência estimada dessa condição está entre 10% e 35%.  

Parece que o risco de desenvolver PCS é maior em idades avançadas, sexo feminino, hospitalização durante a covid-19 aguda, carga de sintomas, incluindo dispneia e dor no peito, e a existência de comorbidades como asma.  

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Galal et al. relataram que 26,5% dos pacientes com PCS tinham doenças crônicas, sendo a hipertensão a comorbidade mais significativa associada ao PCS, seguida por doenças pulmonares crônicas. Entretanto, os estudos que discutem os fatores de risco associados ao PCS, especificamente comorbidades preexistentes, como doenças cardiovasculares, são limitados. A revisão sistemática abordada hoje teve como objetivo identificar se doenças cardiovasculares são fatores de risco para o desenvolvimento de PCS.  

Doenças cardiovasculares podem ser fator de risco para síndrome pós-covid? 

Métodos 

Foram incluídos 11 estudos com pacientes adultos (≥ 18 anos) com infecção confirmada por covid-19 por teste de PCR em swab nasofaríngeo e que relataram a associação de doenças cardiovasculares com sintomas persistentes de covid-19 após pelo menos 12 semanas da recuperação da infecção aguda por covid-19.  

Resultados 

Os 11 artigos, que envolveram mais de 1,5 milhão de sobreviventes da covid-19, foram analisados para determinar a associação entre PCS e doenças cardiovasculares (CVD). As CVD preexistentes incluíram hipertensão (seis estudos), insuficiência cardíaca (três estudos), infarto do miocárdio, doença arterial periférica, tromboembolismo venoso (dois estudos cada), doença vascular periférica, arritmia, doença cardíaca isquêmica, e CVD não especificada (um estudo cada).  

Seis estudos relataram uma associação entre uma única CVD e a presença de PCS, enquanto cinco estudos relataram múltiplas CVD e a presença de PCS.  

Ko et al. relataram que a hipertensão estava associada a sintomas persistentes mais frequentes. Além disso, a maior probabilidade de sintomas de covid longa 12–20 semanas após a infecção aguda inicial por covid-19 foi mais fortemente correlacionada com HAS. Pacientes hipertensos também tiveram maiores chances de sequelas pós-covid em comparação com pacientes sem comorbidades. 

A hipertensão também foi associada a pontuações mais baixas de tolerância ao exercício no equivalente metabólico de tarefa durante o acompanhamento.  

Pacientes com covid-19 e insuficiência cardíaca tiveram uma taxa de re-hospitalização três vezes maior em comparação aos controles. Além disso, o infarto do miocárdio foi substancialmente mais frequente em pacientes com PCS. 

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Freire et al. observaram que pacientes com insuficiência cardíaca congestiva e doença arterial periférica frequentemente desenvolveram mialgia persistente, tosse e diarreia durante o período de acompanhamento. 

Entre pacientes hospitalizados e ambulatoriais com covid-19, tromboembolismo venoso e arritmia estavam significativamente associados a uma maior incidência de condições de saúde física ou mental em comparação com pacientes negativos para covid-19. Da mesma forma, pacientes hospitalizados com covid-19 e condições hipertensivas, assim como pacientes ambulatoriais com covid-19 com doença cardíaca isquêmica e doença venosa periférica, tiveram uma probabilidade significativa de desenvolver novas condições de saúde física ou mental, respectivamente. 

Conclusão 

Essa revisão evidenciou que os sobreviventes da covid-19 com doenças cardiovasculares preexistentes têm um risco significativamente maior de desenvolver a síndrome pós- covid (PCS) em comparação com sobreviventes sem CVD preexistentes. 

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Referências bibliográficas

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