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Infectologia10 março 2025

CROI 2025: Dose de DTG em gestantes com diferentes esquemas de prevenção de TB

A farmacocinética do DTG com uso concomitante de esquemas com isoniazida e rifapentina em gestantes ainda não havia sido estudado. 

Considerando que tuberculose é uma importante causa de morte em pessoas que vivem com HIV, muita atenção tem sido dada ao seu manejo nessa população. O tratamento preventivo de tuberculose (TPT) é uma estratégia recomendada como forma de evitar o desenvolvimento de doença ativa e diversos esquemas estão disponíveis para sua administração. 

Entretanto, interações medicamentosas podem ser um fator limitante para o tratamento eficaz das duas condições. Em gestantes, que apresentam múltiplas alterações fisiológicas e de metabolismo, essas interações tornam-se ainda mais complexas. 

Atualmente, recomenda-se a administração de DTG de 12/12h – em contraste à dose única diária habitual – quando em associação com rifamicinas, como rifampicina e rifapentina. Contudo, a farmacocinética do DTG com uso concomitante de esquemas com isoniazida e rifapentina em gestantes ainda não havia sido estudado. 

grávida triste e sendo consolada por médica

Estudo

O estudo DOLPHIN-Moms é um estudo aberto de fase II conduzido na África do Sul que está investigando a segurança e a farmacocinética de DTG em gestantes com HIV e que iniciaram TPT com doses diárias de isoniazida e rifapentina por um mês (1HP) ou doses semanais desses medicamentos por três meses (3HP). 

Gestantes com 10 a 34 semanas com carga viral do HIV indetectável e em uso de DTG foram randomizadas na proporção 1:1 para receber 1HP ou 3HP. Todas passaram a tomar DTG de 12/12h durante o uso de TPT. Em cada braço, 25 mulheres participaram de uma análise de farmacocinética (Pk) de DTG, com dosagens nos dias 1 e 17. Os resultados foram apresentados em sessão no CROI 2025. 

Entre as 50 gestantes, a mediana de idade foi de 33 anos e a de idade gestacional foi de 26,8 semanas. No dia 1, não houve diferença na mediana dos níveis de DTG entre os grupos de 1HP e 3HP (2730 vs. 2890 ng/mL, p=0,91). No dia 17, essa mediana foi de 871 ng/mL (391–1754) no braço de 1HP e 1890 ng/mL (843–4764) no de 3HP, uma diferença com significância estatística (p<0.01). 

Duas participantes – uma em cada braço – apresentaram níveis < 64ng/mL, mas ambas tinham não adesão documentada. Após exclusão dos dados dessas dois participantes, simulações com uso de DTG em dose única diária predisseram níveis aceitáveis de DTG em associação com o esquema 3HP (436ng/mL), mas não com 1HP (88ng/mL). 

A análise dos resultados ainda está em andamento e espera-se confirmar os desfechos de Pk e de manutenção do controle virológico com DTG em dose única diária em associação com o regime 3HP. 

Mensagens práticas

Segundo os resultados desse estudo, seria possível usar DTG em dose habitual (1x/dia) quando em associação com o esquema semanal de 3HP. Com o esquema diário de 1HP, entretanto, parece ser necessário dobrar a dose de DTG, como atualmente recomendado.

Confira aqui as principais discussões do CROI 2025!

Autoria

Foto de Isabel Cristina Melo Mendes

Isabel Cristina Melo Mendes

Infectologista pelo Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ) ⦁ Graduação em Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro

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